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Cristais em forma de cogumelo revelam mistérios da Lua nas amostras da Chang’e-5

Amostras lunares indicam um processo de cristalização extrema em condições fora do equilíbrio

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Agência

Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 15h23.

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Pesquisadores chineses identificaram um padrão inusitado de crescimento cristalino nas amostras lunares coletadas pela missão Chang’e-5. O estudo revelou que nanocristais de cromita crescem para fora da superfície da olivina, formando estruturas semelhantes a “cogumelos após a chuva”. A descoberta, divulgada pelo Global Times, pode indicar um processo extremo de cristalização fora do equilíbrio. Essa novidade abre caminho para estudos futuros sobre o crescimento de cristais em corpos celestes sem atmosfera e em condições extremas.

Os resultados da pesquisa foram publicados na primeira edição de 2025 da revista internacional American Mineralogist.

A cristalização é um processo físico-químico essencial que influencia diversas propriedades de substâncias no estado condensado. Avanços na química dos cristais e na cristalografia têm ampliado o conhecimento sobre processos geológicos, ciência dos materiais e biogeoquímica.

No entanto, as teorias clássicas de crescimento cristalino baseiam-se em materiais terrestres. Os processos de cristalização em ambientes extraterrestres, como a Lua, ainda são pouco compreendidos. Diferente da Terra, a Lua não possui atmosfera protetora, o que a expõe constantemente ao bombardeio de micrometeoroides e partículas de alta energia. Nessas condições extremas, o crescimento dos cristais lunares apresenta diferenças significativas em relação aos padrões terrestres, incluindo morfologia, tamanho dos grãos e composição mineral.

A descoberta nas amostras da Chang’e-5

A partir de análises detalhadas das amostras da missão Chang’e-5, lideradas pelo acadêmico He Hongping do Instituto de Geoquímica de Guangzhou, foi identificado um fenômeno peculiar. Os nanocristais de cromita crescem para fora da superfície da olivina, formando estruturas que lembram cogumelos.

A equipe utilizou microscopia eletrônica avançada e métodos de análise mineralógica em escala micro e nano para estudar a brecha lunar. Os pesquisadores propuseram um mecanismo de crescimento sob condições extremas de não equilíbrio. Segundo o estudo, íons impuros presentes nas fases originais geram novas fases minerais nas interfaces heterogêneas. Essa descoberta demonstra, pela primeira vez, que o crescimento orientado por encaixe de cristais pode ocorrer não apenas em sistemas homogêneos, mas também em sistemas heterogêneos.

Impactos no estudo dos corpos celestes

Os cientistas acreditam que esse mecanismo pode ser comum na camada de intemperismo lunar, devido aos frequentes impactos de meteoróides. Esses fenômenos influenciam a composição mineral e a distribuição de elementos na superfície lunar. Além disso, as estruturas em forma de cogumelo podem funcionar como indicadores de cristalização extrema fora do equilíbrio, fornecendo novas referências para estudos de crescimento cristalino em condições extraterrestres.

Essa descoberta amplia o entendimento humano sobre os processos de cristalização em corpos celestes sem atmosfera, como a Lua, e abre caminho para novas teorias no campo da mineralogia e da geologia planetária.

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