Índia: especialistas estimam que o país já superou as 400.000 mortes por coronavírus (Anindito Mukherjee/Bloomberg)
Laura Pancini
Publicado em 30 de abril de 2021 às 10h08.
Última atualização em 30 de abril de 2021 às 10h35.
Hans Kluge, líder da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, alertou que uma crise do novo coronavírus semelhante ao que está acontecendo na Índia poderia "acontecer em qualquer lugar", especialmente em países que estão diminuindo suas restrições de isolamento social.
No momento, a Índia enfrenta uma das piores ondas da pandemia já vistas. Durante mais de uma semana, mais de 300.000 novos casos foram confirmados diariamente e na última quinta-feira, 29, as autoridades indianas relataram 3,6 mil mortes em 24 horas, elevando o total oficial de óbitos para 201,2 mil (embora especialistas acreditem que a quantidade real seja no mínimo de 400 mil).
Crematórios, necróterios e hospitais indianos também estão sobrecarregados e muitas pessoas estão morrendo sem conseguir a ajuda necessária. Assim como em Manaus, algumas regiões da Índia não têm espaço ou oxigênio suficiente para tratar todos.
Pesquisadores estimam que o relaxamento das restrições no país (como isolamento social e uso de máscaras) levou ao aumento no número de casos, mas há também uma nova variante local que aparenta ser mais contagiosa e pode ser a responsável pelo surto. Por enquanto, porém, não há como confirmar.
“É muito importante perceber que a situação na Índia pode acontecer em qualquer lugar. Este ainda é um grande desafio para os países”, disse Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa. “Quando as medidas de proteção pessoal estão sendo relaxadas, quando há reuniões em massa, quando há mais variantes contagiosas e a cobertura de vacinação ainda é baixa, isso pode criar uma tempestade perfeita em qualquer país”.
O alerta de Kluge vem ao mesmo tempo que muitos países do bloco europeu, como Alemanha e França, estão pressionando para que o resto do bloco imponha restrições para voos vindos da Índia.
O diretor regional acredita que países que não têm taxas de vacinação altas o suficiente ou que têm variantes mais contagiosas, como é o caso do Brasil, não devem parar com as medidas que restringem grandes aglomerações.
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