Covid-19: doença ataca o tecido dos vasos sanguíneos, causando bloqueios em pequenas veias (Getty Images/Getty Images)
Thiago Lavado
Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 11h50.
Última atualização em 9 de dezembro de 2020 às 12h04.
Além de dificuldades respiratórias de longo prazo e perda de olfato e paladar, cientistas e médicos da Itália e dos Estados Unidos estão começando a apontar novas consequências de longo prazo para a covid-19, como a disfunção erétil.
Em uma entrevista à rede de televisão americana NBC, a especialista em doenças infecciosas, Dena Grayson, afirmou estar crescendo a preocupação de que a covid-19 poderia causar dificuldades de ereções no longo prazo. "Nós sabemos que a doença causa problemas vasculares", disse Grayson. "Então isto é algo de grande preocupação, não apenas de que esse vírus pode matar, mas também causar consequências de longo prazo".
A afirmação de Grayson é em linha com um estudo publicado em julho por cientistas italianos, que afirmaram que a disfunção erétil é tanto uma consequência quanto um fator de risco para a doença. De acordo com os autores da pesquisa, pessoas que já apresentavam disfunção erétil estariam mais aptas a desenvolver a pneumonia causada pelo coronavírus.
A dificuldade em manter uma ereção é um problema que pode ter múltiplas causas, tanto fisiológicas quanto psicológicas, como fatores afetando o sistema cardiovascular, o sistema nervoso e até o sistema endrócrino. O coronavírus, sabe-se, pode atacar o endotélio, as paredes internas dos tecidos sanguíneos, o que pode causar o bloqueio de vasos de sangue — sem poder fluir sangue normalmente é daí que a doença pode causar algum tipo de dificuldade de manter uma ereção, causada pela ida de sangue para o pênis.
Embora essa causa da covid-19 possa explicar o fenômeno de disfunção erétil em alguns pacientes de covid-19, os cientistas afirmam ser necessários realizar mais testes e pesquisas para determinar a correlação da doença com uma eventual impotência.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o grupo de risco para a covid-19 é composto de pessoas com mais de 60 anos, com condições prévias de saúde (como diabetes, problemas do coração ou respiratórios).
Um estudo feito por pesquisadores chineses e americanos feito em abril deste ano mostrou que dos 85 voluntários estudados, 72,9% eram homens e tinham idade média de 65,8 anos — o que vai ao encontro do grupo de risco apontado pela OMS.
Uma explicação para que esse seja o grupo de risco é que, quanto mais velhos, mais enzimas conversoras da angiotensina 2 (ECA2) são produzidas — adultos, por exemplo, produzem mais enzimas do tipo, que podem facilitar a entrada do coronavírus no corpo humano.
Isso não significa, no entanto, que pessoas jovens não podem desenvolver quadros severos da doença. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde no final de março, a maioria das internações de pacientes com a covid-19 ocorreu com pessoas com idades entre 30 e 80 anos.