Ciência

Covid-19: Distanciamento em locais fechados não evita transmissão, diz MIT

Pesquisadores do MIT acreditam que variáveis como número de pessoas e suas atividades, uso de máscaras e nível de ventilação são bem mais importantes para entender a disseminação do coronavírus

Adesivo lembra que é preciso manter distanciamento  (Alyssa Schukar/The New York Times)

Adesivo lembra que é preciso manter distanciamento (Alyssa Schukar/The New York Times)

LP

Laura Pancini

Publicado em 26 de abril de 2021 às 11h15.

Última atualização em 26 de abril de 2021 às 12h30.

De acordo com estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o distanciamento recomendado de dois metros em espaços fechados não faz quase nada para impedir a disseminação do coronavírus.

O que pesquisadores do MIT descobriram é que a regra, adotada amplamente pelo mundo e recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é baseada em informações desatualizadas de como o vírus se propaga em ambientes fechados.

Outras variáveis, como número de pessoas e o que elas estão fazendo, uso de máscaras e nível de ventilação são bem mais importantes. Em espaços ao ar livre, os pesquisadores acreditam que um distanciamento de até 1 metro de distância já é seguro.

A regra dos dois metros foi adotada por países como Estados Unidos, Reino Unido e Brasil. Em grande parte da Europa, o valor é de um metro, também recomendado como distância mínima pela OMS. Porém, o estudo mostra que talvez ela não seja tão útil quanto imaginávamos.

De acordo com um dos autores do estudo, em alguns casos, o nível de exposição pode ser igual em distanciamentos de 2 e 20 metros. "O distanciamento não está ajudando muito e também está dando uma falsa sensação de segurança", disse Mark Bazant, professor do MIT, em entrevista ao site de notícias CNBC.

Junto com o professor John Bush, Bazant criou um site que calcula o tempo necessário para contrair covid-19 em ambientes fechados, considerando variáveis como tipo de ambiente, tamanho, umidade local, número de pessoas e comportamento humano.

Desde o início da pandemia em março de 2020, pesquisadores internacionais vêm entendendo como funciona a disseminação do vírus SARS-CoV-2.

No começo, por exemplo, higienizar qualquer objeto antes de tocar nele era hábito, mas, hoje, já sabemos que o risco de contrair o coronavírus por contato com superfícies é mínimo: menos de 1 em 10.000 chances, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Antes, também acreditava-se que o vírus viajava por meio de gotículas ejetadas durante a fala ou um espirro. Agora a comunidade científica tem mais evidências de que o vírus flutua em gotículas de aerossol mais leves, que ficam suspensas no ar e viajam mais longe do que se imaginava.

Em seus cálculos, os pesquisadores do MIT relataram que, em um ambiente calmo, as partículas flutuam lentamente para o solo. Já em um espaço onde o ar circula pela sala e as pessoas estão conversando, comendo ou espirrando, as gotas podem ser suspensas no fluxo de ar e misturadas por mais tempo.

O efeito pode ser neutralizado por ventilação ou filtração para tirar as partículas de vírus de circulação na sala. De acordo com o site criado, uma sala de aula com 25 pessoas usando máscara deixaria o ar seguro para respirar por 20 horas. Caso eles estivessem sem máscaras e falando, demoraria 36 minutos para todos estarem sob o risco de contrair o coronavírus, independente do distanciamento adotado.

Vale ressaltar, porém, que as máscaras recomendadas para proteção eficaz são as PFF e as de tecido que tenham três camadas de algodão, poliéster e TNT.

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