Hospitais: coronavírus aumentou o número de pacientes e tornou o combate a outras doenças mais complicado (Pedro Vilela/Getty Images)
Felipe Giacomelli
Publicado em 14 de julho de 2020 às 12h27.
Um estudo publicado na revista científica The Lancet constatou que a pandemia do novo coronavírus poderá causar um número de mortes ainda maior em países de baixa de média renda.
Cientistas britânicos do Conselho de Pesquisa Médica do Centro para Análise de Doenças Infecciosas Globais, do Instituto Abdul Latif Jameel e do Imperial College tentavam descobrir se a covid-19 poderia interferir no tratamento de outras doenças, como HIV, tuberculose e malária nesses países e de qual forma isso aconteceria.
A premissa era simples. Se os hospitais estão carregados devido ao coronavírus, se os remédios estão sendo usados principalmente para tratar a covid-19 e se menos pessoas estão buscando ajuda médica - como forma de manter o distanciamento social -, será que outras doenças estão sendo impactadas?
E a conclusão dos pesquisadoras é que sim. De acordo com as conclusões do estudo, as mortes por HIV, tuberculose e malária podem aumentar, no período de cinco anos, respectivamente em 10%, 20% e 36%, em relação a um cenário sem pandemia.
No estudo, os pesquisadores identificaram quais são os gargalos para o tratamento dessas doenças durante a pandemia.
Para o HIV, por exemplo, os pesquisadores dizem que, dependendo do endurecimento da quarentena, podem faltar remédios antivirais para os pacientes.
Então, uma solução seria que os medicamentos fossem entregues na casa de quem precisa. E, de acordo com a pesquisa, até mesmo a falta de camisinha pode se tornar um problema levando em conta a rigidez da quarentena que for adotada.
Quanto à tuberculose, a maior preocupação é que as pessoas, possivelmente com medo da covid-19, não procurem ajuda médica a tempo. Já, para a malária, o problema está em afrouxar o sistema de combate ao mosquito que transmite a doença.
Outra conclusão do estudo é que os impactos da covid-19 nessas outras doenças pode reduzir ainda mais a expectativa de vida dos pacientes em até cinco anos.
Por fim, os pesquisadores alertaram que, por a pandemia ainda estar em andamento, os resultados não são definitivos e podem mudar.