Coronavírus já circulava meses antes da primeira infecção na China, sugere estudo (Getty Images/Getty Images)
A primeira mutação do SARS-Cov-2, ou coronavírus, já estava em circulação pelo menos dois meses antes do primeiro caso humano de infecção em Hubei, na China. A conclusão faz parte de um novo estudo conjunto das Universidades americanas do Arizona, Califórnia e da empresa de pesquisas genéticas Illumina.
Em artigo publicado na revista Science na última quinta-feira, os pesquisadores analisaram as estruturas genéticas do vírus para saber o exato momento em que o genoma que deu origem ao primeiro caso de infecção - e posteriormente às novas mutações - começou a circular.
A conclusão é de que o ancestral mais comum entre todos os genomas da Covid-19 já circulava sem detecção na província de Hubei entre o final de novembro e início de dezembro de 2019, podendo ter surgido semanas ou até mesmo um mês antes, ainda em outubro de 2019 - dois meses antes do primeiro caso de infecção oficialmente relatado na região.
Os pesquisadores também fizeram simulações de possíveis novas epidemias com base no que já se sabe sobre o vírus, como sua transmissibilidade, por exemplo. As simulações também sugerem que, na maioria dos casos, os vírus zoonóticos - aqueles de origem animal - morrem naturalmente antes de causar uma pandemia. Apenas 29,7% das simulações tinham um vírus com as propriedades do SARS-CoV-2 capaz de criar epidemias autossustentáveis. De acordo com o estudo, a descoberta demonstra que os humanos estão sendo constantemente bombardeados com patógenos zoonóticos.
No entanto, a cepa original do SARS-CoV-2 tornou-se epidêmica, escrevem os autores, porque era amplamente dispersa, o que favorece a persistência, e porque prosperava em áreas urbanas onde a transmissão ocorre com maior facilidade.