Oceano: Apesar da alteração deixar as águas mais bonitas, pesquisadores consideram fenômeno um problema (Reilly Wardrope/Getty Images)
EFE
Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 19h47.
Madri - Em 2100, mais de 50% dos oceanos terão mudado de cor devido à mudança climática: as regiões azuis e verdes se intensificarão, segundo um estudo feito pelo Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT).
O estudo revelado nesta segunda-feira na publicação "Nature Communications" conclui que o aquecimento global está provocando grandes alterações nas populações de fitoplâncton, um vegetal aquático microscópico, o que afetará a cor dos oceanos.
Os resultados preveem que as zonas azuis ficarão mais azuis, refletindo a diminuição dos níveis de fitoplâncton - e de vida em geral -, e as verdes ainda mais verdes, o que indicaria uma proliferação de espécies de fitoplâncton.
A cor dos oceanos depende de como os raios de sol interagem com os componentes da água. As moléculas de água absorvem quase toda a luz solar, exceto a parte azul, o que significa que as regiões do oceano com menos vida têm um azul intenso.
Por outro lado, o fitoplâncton contém clorofila, que absorve mais azul e menos verde, por isso as regiões ricas em algas são de cor esverdeada.
Os pesquisadores desenvolveram um modelo global que simula o crescimento e a interação de diversas espécies de fitoplâncton, e como variarão à medida que as temperaturas aumentam.
Também foi possível reproduzir a maneira como o fitoplâncton absorve e reflete a luz e como afeta a cor dos oceanos, levando em conta a variável da mudança climática.
O grupo de pesquisadores conseguiu melhorar um modelo informático que foi utilizado para prever as mudanças nos níveis de fitoplâncton quando sobem as temperaturas.
Além disso, acrescentaram um elemento novo: a possibilidade de calcular as ondas de luz absorvidas e refletidas pelo oceano, dependendo da quantidade e dos tipos de organismos em determinada região.
Segundo este modelo, no final do século o aspecto do planeta será alterado. Stephanie Dutkiewicz, a diretora de pesquisa do projeto, prevê que as mudanças entre comunidades de fitoplâncton podem alterar as cadeias alimentares, o que considera um problema "potencialmente sério".
No entanto, Dutkiewicz admite a dificuldade de determinar se estas mudanças se devem à mudança climática ou à variabilidade natural da clorofila.
"Um fenômeno como El Niño ou La Niña provocaria uma mudança na clorofila porque varia a quantidade de nutrientes que chegam ao sistema", explicou.