Lua de sangue: A foto tirada com seu celular não ficará assim, mas ao menos deverá sair mais razoável do que se você simplesmente apontar o aparelho para o céu (Christoper Pike/Reuters)
Gustavo Gusmão
Publicado em 19 de janeiro de 2019 às 07h01.
Última atualização em 19 de janeiro de 2019 às 07h01.
São Paulo — Na hora, pode até parecer uma boa ideia. Mas fotografar a Lua ou um eclipse com o celular quase nunca surte o efeito desejado. O satélite da Terra até aparece na imagem, mas basicamente como um borrão branco (ou avermelhado) ou um ponto muito brilhante rodeado pela escuridão. Há motivos para tal: as câmeras de smartphone melhoraram muito de alguns anos para cá, mas ainda pecam no zoom óptico e na distância focal.
Por isso, fica difícil se "aproximar" do objeto de interesse e pegar todos os detalhes. Mas dá para contornar algumas das limitações impostas pelas lente do smartphone e tirar uma foto ao menos razoável do fenômeno que acontece entre domingo e segunda — ainda que longe de ficar tão boa quanto a capturada por uma câmera profissional. Para isso, é só seguir as dicas abaixo.
1. Use um tripé. A dica primordial é da iPhone Photography School, mas vale para qualquer celular, mesmo os com Android. Na hora de fotografar a Lua, o ideal é manter o celular estável para evitar borrões na imagem — especialmente porque você terá que mexer com algumas das configurações da câmera para alcançar o resultado ideal (mais sobre isso na dica 5).
2. Fuja do zoom digital. É tentador, mas não vale a pena. O zoom digital nada mais é do que um "recorte" da imagem, algo que você pode fazer depois em algum app de edição, como o Pixlr ou o Snapseed, como ressalta o tutorial do site Popular Science. Caso seu celular não tenha zoom óptico (que faz uma aproximação real) ou você não tenha em mãos um telescópio para usar com a lente do celular, o melhor mesmo é tirar a foto sem se aproximar.
O resultado muito provavelmente terá uma resolução enorme (quase qualquer smartphone tem mais de 10 megapixels), então você terá espaço de sobra para cropar (recortar) em um aplicativo — e ainda assim ter uma imagem boa o suficiente para publicar no Instagram.
3. Não perca o foco. A Lua é um ponto brilhante rodeado por um céu escuro. Por isso, assim que você apontar o celular para o alto, o aplicativo da câmera vai tentar clarear a parte mal iluminada e fazer o astro brilhar muito mais. Ainda que pareça bom, não deixe isso acontecer, já que compromete o nível de detalhe. Force o foco na Lua dando um toque nela na tela, para que assim o smartphone entenda o que você quer fotografar e equilibre melhor o nível de brilho.
Você também pode ajustar a iluminação da cena manualmente. Nos celulares da Samsung, por exemplo, é só arrastar o ícone de lâmpada que fica sobre uma barrinha na parte inferior da tela no app da câmera. Nos da Motorola, o controle fica no círculo do foco — basta também arrastá-lo para cima ou para baixo para ajustar a luz na imagem.
4. Fique longe das luzes da cidade. É a mesma lógica por trás da ausência de estrelas no céu das metrópoles: a iluminação artificial, como de postes de luz ou até mesmo do flash da câmera, ofusca o brilho dos astros celestes. O cenário ideal para fotografá-los é um lugar escuro, longe das luzes urbanas.
Mas se você não tiver como ir para o campo só para fotografar o eclipse, dá para tentar enriquecer a foto incluindo nela mais elementos. Bill Ingalls, um fotógrafo da NASA, é quem dá a dica para quem vai fotografar o eclipse lunar na cidade : "Você não vai conseguir mostrar uma lua gigante na sua foto [com o celular], mas você pode tentar fazer algo mais panorâmico, incluir algum plano de fundo interessante".
5. Use os modos Pro dos apps. Se você nunca reparou, saiba que muitos apps de câmera contam com um modo de foto mais completo, quase sempre chamado de Pro. Se o do seu celular não tiver, vale a pena baixar um app como o Adobe Lightroom CC (Android ou iOS, que ainda tira fotos em um formato RAW, melhor para edição posterior).
Os controles disponíveis nessa função Pro (ou no aplicativo) permitem ajustar o ISO e, mais importante ainda, a velocidade do obturador. Esse segundo fator é interessante porque deixa mais luz entrar pela lente na hora de capturar a imagem. Quanto mais "lento" ele estiver, mais iluminada ficará a foto — mas também mais suscetível ela estará a vibrações, por menores que sejam. Por isso, o tripé da dica 1 se faz tão necessário.