(Rajesh Dang/Wikimedia Commons)
Vanessa Barbosa
Publicado em 4 de maio de 2017 às 16h59.
Última atualização em 4 de maio de 2017 às 17h07.
São Paulo - Cientistas do Instituto Indiano de Tecnologia Roorkee (IIT) descobriram que o "jamun", conhecido no Brasil como jamelão, uma popular frutinha preta oriunda do sul da Ásia, poderia ajudar a reduzir os custos de produção de painéis solares em massa. Isso porque ele contém um pigmento capaz de absorver a luz solar.
De nome científico Syzygium cumini, a fruta é bastante conhecida por seu valor medicinal e nutricional, e cresce em árvores que podem atingir 10 metros de altura e viver por mais de cem anos. Agora, graças ao pigmento antocianina (também encontrado em mirtilos, framboesas e cerejas), ela pode se tornar valiosa para o desenvolvimento de células solares de baixo custo.
O estudo foi publicado recentemente no periódico científico IEEE Journal of Photovoltaics. Em entrevista ao site Quartz, o professor assistente do Instituto, Soumitra Satapathi, conta que os pesquisadores "extraíram o pigmento usando etanol e descobriram que a antocianina era um grande absorvedor termo-solar".
Os pesquisadores usaram a antocianina como um sensibilizador em células solares sensibilizadas por corantes (“Dye-Sensitized Solar Cells”, ou simplesmente DSSCs, na sigla em inglês). Segundo o estudo, a utilização de corantes naturais, como o pigmento do jamelão, poderia reduzir em até 40% os custos de um painel solar.
Claro que há um percurso longo a se percorrer antes da solução chegar às vias comerciais.
Os pigmentos naturais ainda não são tão eficientes quanto as tradicionais células solares baseadas em silício (classificadas como de primeira-geração), mas, segundo os cientistas, eles poderiam oferecer uma alternativa de baixo custo, especialmente benéfica para países como a Índia, que até 2030 pretende obter 40% de sua energia a partir de fontes renováveis.
Até o momento, o corante natural só conseguiu uma eficiência de 0,5%, em contraste com os 15% de eficiência das células solares tradicionais. Os cientistas acreditam que, com mais desenvolvimento, seria possível superar as eficiências de células feitas com o silício, com a vantagem de se ter uma alternativa biodegradável e não tóxica aos corantes sintéticos usados atualmente para sensibilização de células solares.