Ilustração da vacina do laboratório Moderna: a aprovação para o uso emergencial pode ser dado nos próximos dias (JUSTIN TALLIS / AFP/Getty Images)
Filipe Serrano
Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 06h00.
A aprovação unânime do uso emergencial da vacina do laboratório Moderna por um comitê de especialistas na noite de ontem abriu caminho para os Estados Unidos se tornarem o primeiro país desenvolvido a aprovar dois imunizantes contra a covid-19 no mundo. A expectativa agora é que o Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador de medicamentos do país, siga a recomendação do painel e oficialize a aprovação do uso emergencial, o que pode ocorrer já nesta sexta-feira (18) ou nos próximos dias.
Se o FDA de fato aprovar o uso da vacina da Moderna, os Estados Unidos devem começar a distribuição e a aplicação de um lote de 6 milhões de doses do imunizante já na próxima semana. A expectativa é de que o país receba 20 milhões de doses da vacina da Moderna antes mesmo do fim de 2020. Ao todo, os Estados Unidos encomendaram 200 milhões de doses da Moderna e terão prioridade no recebimento do imunizante. Além dos Estados Unidos, a vacina da Moderna já foi encomendada pela União Europeia (80 milhões de doses), pelo Japão (50 milhões), pelo Canadá (40 milhões), pela Coreia do Sul (20 milhões) e pelo Reino Unido (7 milhões).
Com as vacinas da Moderna e da Pfizer/BioNtech, os Estados Unidos esperam imunizar 20 milhões de habitantes até o fim do ano.
O FDA não é obrigado a seguir a recomendação do comitê de especialistas, mas isso ocorre somente em raras ocasiões. A vacina foi aprovada por 20 dos 21 especialistas que avaliaram a segurança da vacina da Moderna para uso emergencial. Houve uma abstenção e nenhum voto contra.
Há exatamente uma semana, o FDA seguiu a recomendação de um outro comitê de especialistas que avaliou a vacina da Pfizer/BioNtech e aprovou o uso do imunizante.
Os especialistas consideraram que ambas as vacinas são seguras para o uso emergencial e que os benefícios da imunização superam os riscos envolvidos. A aprovação para o uso emergencial indica que as vacinas continuam a ser acompanhadas pelos pesquisadores para avaliar os resultados da imunização e da segurança das vacinas.
Tanto a vacina da Moderna quando da Pfizer/BioNtech utilizam a técnica do RNA mensageiro, um novo tipo de vacina. A técnica utiliza uma cópia do RNA do vírus da covid-19 para enviar uma espécie de instrução ao sistema imunológico para produzir anticorpos para evitar que os vírus infectem as células e se reproduzam.
Uma das vantagens da vacina da Moderna, entretanto, é que ela não precisa ser armazenada a uma temperatura tão baixa quanto à da Pfizer/BioNtech, que exige armazenamento a -70 graus Celsius. No caso da vacina da Moderna, as doses podem ser estocadas a uma temperatura entre 2 e 8 graus Celsius por até 30 dias. E ela pode ser armazenada por até seis meses a uma temperatura de -20 graus Celsius. Isso significa que a distribuição do imunizante requer uma logística menos complexa e que ele pode chegar a cidades menores com uma estrutura de armazenagem mais simples.
Embora as vacinas devam demorar a chegar a todos os países, incluindo o Brasil, a provável aprovação do imunizante da Moderna nos Estados Unidos alimenta as esperanças de que a pandemia da covid-19 possa ficar mais controlada no decorrer dos próximos meses. Ganham os americanos e ganha o mundo.