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Com baixa infraestrutura, Índia estuda como distribuir vacina da covid-19

País cogita utilizar estrutura de transporte de sêmen para inseminação artificial de gado. Índia é a maior produtora de leite do mundo.

Covid-19 na Índia: país deve enfrentar dificuldades para distribuir vacina (Anshuman Poyrekar/Hindustan Times/Getty Images)

Covid-19 na Índia: país deve enfrentar dificuldades para distribuir vacina (Anshuman Poyrekar/Hindustan Times/Getty Images)

TL

Thiago Lavado

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 17h06.

Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 17h08.

Diante do segundo maior número de infectados no mundo e com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, a Índia tem um desafio e tanto à frente: distribuir com eficácia a vacina da covid-19.

O problema é agravado por dois fatores. O primeiro é a baixa infraestrutura logística do país, que carece de meios eficazes de transporte. O segundo é a natureza da vacina, que requer, ela própria, um sistema de resfriamento e de transporte rápido. Em um país cuja temperatura pode exceder facilmente os 40°C em alguns períodos do ano, é preciso um plano detalhado para lidar com a logística de entrega da imunização.

Para contornar o problemas, uma das alternativas atualmente consideradas pelas autoridades e alguns executivos de grandes empresas da indústria alimentícia está em utilizar a mesma rede de armazenamento a frio que hoje é empregada no transporte de inseminação artificial de gado. Apesar disso, de acordo com jornal South China Morning Post, está sendo complicado convencer oficiais do governo a aceitar a ideia.

Maior produtora de leite do mundo, a Índia realiza cerca de 80 milhões de inseminações artificiais em gado por ano. O processo começa com a coleta de sêmen de touros de elite, passa pelo armazenamento em câmaras criogênicas, resfriadas com nitrogênio líquido, e são, então, distribuídos pelo país, com a última milha sendo feita dentro de jarros transportados por motocicleta.

O desafio deve ser semelhante no Brasil, principalmente algumas das vacinas, como a da Pfizer, requerem resfritamento em temperaturas baixíssimas, de -70°C. Os imunizantes produzidos pela AstraZeneca e pela Moderna pedem condições mais amenas, entre 2°C e 8°C.

O secretário de Saúde da Índia, Rajesh Bhushan, já afirmou à revista Bloomberg, no mês passado, que o país usaria sua infraestrutura de imunização para garantir a distribuição de uma vacina. Mas um relatório do banco Credit Suisse aponta que, embora o país tenha capacidade industrial para produzir os imunizantes e o equipamento médico necessária para aplicação, como seringas: o problema está na refrigeração.

O mesmo relatório aponta que o país precisa de 1,7 bilhão de doses para vacinar a maioria de sua população adulta. De acordo com dados da Universidade Johns Hopkins, que compila informações de órgãos públicos sobre a covid-19, há quase 9,5 milhões de casos confirmados da doença na Índia, e mais de 137.000 mortos.

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