Falta de treinamento e de reconhecimento por parte da população afetam rotina de profissionais (Pedro Vilela/Getty Images)
Karina Souza
Publicado em 21 de novembro de 2020 às 16h00.
Última atualização em 21 de novembro de 2020 às 16h07.
Com o avanço da covid-19, profissionais de saúde continuam a se queixas de condições de trabalho --- com razão. Especialmente no Brasil, menos da metade deles recebeu algum tipo de treinamento durante a pandemia, de acordo com informações divulgadas pela Agência Bori. O levantamento, conduzido pela FGV com 1.520 profissionais de saúde pública, constatou que 52,2% deles não receberam nenhum tipo de capacitação.
Ao mesmo tempo, 94,5% dos entrevistados conhecem algum colega de trabalho com diagnóstico ou suspeita de covid-19.
"Após tantos meses do início da pandemia, esperávamos que a situação dos profissionais de saúde estivesse melhor. Mas o cenário que encontramos é desalentador, fruto do descaso governamental: profissionais amedrontados, que se sentem despreparados e sem treinamento, que não receberam EPI ou testagem de forma permanente", diz Gabriela Lotta, coordenadora do NEB FGV EAESP e responsável pelo trabalho, à Agência Bori.
De acordo com a especialista, a consequência disso é ter uma parcela enorme de profissionais estressados e com problemas de saúde mental, mesmo sem um fim previsto para a pandemia.
Não é só no Brasil
Em uma notícia divulgada hoje pelo portal Business Insider, profissionais dos Estados Unidos se queixam de serem vistos como "vilões" e de serem ignorados enquanto tentam salvar vidas.
“Às vezes ainda é difícil mudar a ideia de que é real”, disse Lacie Gooch, uma enfermeira da UTI em Nebraska, sobre seus pacientes.
Para os profissionais, a resistência em aceitar a doença não é um problema isolado --- mas o reflexo da atitude de líderes a respeito da doença. Um ponto em comum em ambos os países: tanto Donald Trump quanto Jair Bolsonaro são resistentes às medidas de contenção da doença.
"É simplesmente devastador estarmos neste ponto em que as pessoas receberam mensagens confusas e muitas pessoas estão ficando doentes por causa disso", afirma o Dr. Eli Perencevich, um especialista em doenças infecciosas que cuida de pacientes com coronavírus na cidade de Iowa VA Medical Center, ao Business Insider.