Ciência

Cientistas transformam celular em laboratório de análise de DNA

O projeto é mais barato – e mais rápido – do que equipamentos de alta tecnologia usados atualmente

Estudo, publicado pela revista Nature, mostra que os pesquisadores encontraram um jeito de transformar celulares em pequenos laboratórios portáteis (UCLA, Universidade de Estocolmo e Universidade de Uppsala/Reprodução)

Estudo, publicado pela revista Nature, mostra que os pesquisadores encontraram um jeito de transformar celulares em pequenos laboratórios portáteis (UCLA, Universidade de Estocolmo e Universidade de Uppsala/Reprodução)

DR

Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2017 às 14h35.

Última atualização em 31 de janeiro de 2017 às 14h38.

Quantas vezes você já viu um DNA sendo analisado? Não uma análise qualquer jogada em um livro didático, ou uma foto do Google Images, mas uma hélice específica, do seu DNA, dissecada? Nenhuma? Uma? Existe um motivo pra isso.

Esses processos são extremamente complicados e custam um bocado; diversos equipamentos de alta tecnologia são necessários para que ele seja concluído.

Acaba ficando muito caro para um laboratório bancar – e, logo, muito caro para você bancar. Mas um grupo de cientistas dos EUA e da Suécia está trabalhando para transformar essas toneladas de tecnologia em algo que dê para levar no bolso. Na verdade, é provável que você esteja fazendo isso agora mesmo.

O estudo, publicado pela revista Nature, mostra que os pesquisadores encontraram um jeito de transformar celulares em pequenos laboratórios portáteis, usando um pequeno equipamento que lembra capinhas protetoras. Tudo por US$ 500 – muito menos do que equipamentos tradicionais que giram em torno dos US$ 10 mil.

O processo é complexo, mas fácil de entender: como você já sabe, moléculas de DNA são pequenas demais para enxergarmos, mesmo com uma câmera de celular.

A sacada dos pesquisadores foi, então, usar um componente químico que multiplica milhares de vezes a sua amostra de DNA.

Como, ainda assim, as imagens podem não ficar muito claras, o conteúdo é exposto a componentes que, em contato com um laser, alteram a cor do DNA; se ele se comportar normalmente, o punhado de moléculas que o formam começará a emitir um brilho verde.

Por outro lado, se houver algum tipo de mutação, aquele pedaço específico da amostra fica vermelho. Essa coloração toda já pode ser captada pela câmera do celular – e servir como base para diagnósticos.
Sabendo em que partes do código genético acontecem as mutações (e quais são elas), médicos podem entender por que motivo determinado medicamento não está fazendo efeito, por exemplo.

Mais do que isso, o resultado da análise sai em algumas horas, frente aos dias que um laboratório pode levar para entregar esses dados. Em doenças fatais, esse tipo de entendimento, e velocidade, pode salvar uma vida.

O projeto ainda tem seus problemas. A ideia foi toda desenvolvida em torno de um único modelo de celular, o Nokia Lumia 1020.

Isso porque o aparelho tem uma câmera com 41 megapixels (só pra efeito de comparação, o iPhone 7 e o Samsung S7 têm 12 MP cada).

Ou seja, a dependência em torno do produto pode limitar o acesso à ferramenta. Apesar de não haver testes efetivos, os envolvidos no projeto afirmam que o produto poderá ser adaptado a outros modelos de smartphone.

Enquanto isso, uma empresa britânica afirma que está criando um dispositivo muito semelhante que poderia ser utilizado com qualquer celular.

O objetivo principal do projeto é auxiliar no tratamento da tuberculose em países como a Índia, mas os pesquisadores afirmam que o equipamento também pode ajudar a salvar vidas de pacientes com câncer, já que poderia indicar que remédios seriam mais eficazes para o DNA de cada enfermo.

Este conteúdo foi originalmente publicado na Superinteressante.

Acompanhe tudo sobre:DNALaboratóriosPesquisas científicas

Mais de Ciência

Cientistas constatam 'tempo negativo' em experimentos quânticos

Missões para a Lua, Marte e Mercúrio: veja destaques na exploração espacial em 2024

Cientistas revelam o mapa mais detalhado já feito do fundo do mar; veja a imagem

Superexplosões solares podem ocorrer a cada século – e a próxima pode ser devastadora