O iceberg é um dos maiores já registrado e seu progresso futuro é difícil de prever (NASA/John Sonntag/Divulgação)
Agência Brasil
Publicado em 15 de julho de 2017 às 11h47.
No início desta semana, um iceberg de 1 trilhão de toneladas se desligou da gigantesca plataforma de gelo Larsen C, na Antártica. De acordo com um comunicado divulgado pelo Projeto Midas, formado por um grupo de cientistas britânicos que monitoram Larsen C por meio de satélites.
A separação ocorreu entre a segunda-feira (10) e a quarta-feira (12), resultando em um iceberg de 5.800 quilômetros quadrados, equivalente em tamanho ao território do Distrito Federal. O fenômeno era esperado pelos pesquisadores que vigiam uma fenda na plataforma desde 2010, e previam a separação, mas as consequêncisas do evento ainda estão sendo estudadas.
Em comunicado à imprensa, o professor Adrian Luckman, da Universidade de Swansea, principal pesquisador do projeto Midas, informou que o impacto do rompimento em Larsen C será acompanhado, assim como destino do enorme bloco de gelo.
"O iceberg é um dos maiores já registrado e seu progresso futuro é difícil de prever. Pode permanecer em uma só peça, mas é mais provável que se divida em fragmentos. Um pouco do gelo pode permanecer na área por décadas, enquanto partes do iceberg podem se dirigir para o norte em águas mais quentes", avalia Luckman.
O novo iceberg é um dos dez maiores monitorados por satélite e deve ser chamado de A68. Segundo os cientistas, o enorme bloco de gelo à deriva no oceano não deve alterar o nível do mar imediatamente. Como a plataforma de gelo Larsen C já estava flutuando, a separação não deslocou água extra.
Larsen C tem uma espessura entre 200 e 600 metros e flutua no oceano à beira da Península Antártica, impedindo o fluxo de geleiras que a alimentam. Com a separação, a área de Larsen C foi reduzida em mais de 12%.
Os pesquisadores britânicos alertam que caso a plataforma continue perdendo blocos de gelo, isso pode resultar na separação de geleiras rumo ao oceano, o que poderia levar a uma elevação de até 10 centímetros no nível do mar. A avaliação dos cientistas é que a nova configuração da plataforma deverá ser menos estável que antes da fenda, aumentando o risco de que ela se desintegre.
"Embora haja um debate abundante sobre isso, nossa pesquisa mostra que a plataforma de gelo restante pode ser menos estável e, eventualmente, seguir o exemplo do vizinho do norte Larsen B. Outros cientistas esperam que a plataforma de gelo se reconstitua, mas só o tempo irá dizer.", informou o Projeto Midas em nota à imprensa.
Em relação ao impacto do rompimento na biodiversidade, os cientistas garantem que a ave símbolo da região não será prejudicado. "Os pinguins vivem onde podem acessar peixes no mar. A plataforma de gelo tem uma espessura de cerca de 200 metros na sua borda externa. Uma vez que nove décimos deles estão debaixo d'água, como em qualquer iceberg, o penhasco na borda do mar tem pelo menos 20 metros de altura. Os pinguins podem pular, mas não tão altos."
Mudanças climáticas
No site do Projeto Midas, os pesquisadores também esclarecem que não há provas que liguem o episódio ao aquecimento global. "Não temos evidências para vincular este evento às mudanças climáticas. Embora a progressão geral do lado esquerdo da plataforma [Larsen C] de gelo para baixo da Península Antártica tenha sido associada ao aquecimento do clima, essa fenda parece ter se desenvolvido por muitas décadas e o resultado provavelmente é natural", informaram.
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