Ciência

Cientistas desenvolvem milho transgênico com proteína da carne

O processo envolveu a inserção de um gene que faz com que o milho produza metionina, nutriente crucial para a saúde da pele, das unhas e dos cabelos

Milho: a descoberta pode beneficiar milhões de pessoas que dependem do milho como alimento básico (Getty Images/Getty Images)

Milho: a descoberta pode beneficiar milhões de pessoas que dependem do milho como alimento básico (Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de outubro de 2017 às 20h36.

Cientistas dos Estados Unidos encontraram uma forma de desenvolver um milho geneticamente modificado para produzir um aminoácido contido na carne, aumentando o valor nutricional de um dos cultivos mais importantes do mundo.

O processo envolveu a inserção de um gene bacteriano que faz com que o milho produza metionina, um nutriente crucial para a saúde da pele, das unhas e dos cabelos.

Os pesquisadores disseram que a descoberta pode beneficiar milhões de pessoas nos países em desenvolvimento que dependem do milho como alimento básico e poderia reduzir os custos da alimentação animal, de acordo com o estudo publicado na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Sciences.

"Melhoramos o valor nutricional do milho, a maior commodity agrícola do mundo", disse o coautor do estudo, Thomas Leustek, professor do Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Rutgers.

"A maior parte do milho é usada na alimentação animal, mas carece de metionina, um aminoácido essencial, e encontramos uma maneira eficaz de adicioná-lo", afirmou.

O enxofre na metionina "protege as células de poluentes, retarda o envelhecimento celular e é essencial para absorver selênio e zinco", destacou o estudo.

A indústria gasta verdadeiras fortunas para adicional metionina sintética às sementes de milho, que não contêm naturalmente esse aminoácido, para ajudar na criação de gado.

O coautor da pesquisa, Joachim Messing, professor que dirige o Instituto Waksman de Microbiologia, disse que este é um "processo caro e que consome energia".

O novo método envolveu a inserção de um gene bacteriano de E. coli no genoma da planta de milho.

A enzima E. coli causou a produção de metionina nas folhas da planta, e a metionina em grãos de milho aumentou 57%, segundo o estudo.

O processo não afetou o crescimento da planta.

Cientistas alimentaram galinhas com o milho geneticamente modificado na Universidade Rutgers e descobriram que era nutritivo para elas, disse Messing.

Leustek disse à AFP que, "a princípio, a tecnologia poderia ser implantada rapidamente, dentro de alguns anos".

"O transgene [gene ou material genético resultante de dois organismos] que desenvolvemos pode ser facilmente inserido em variedades comerciais de milho", ressaltou em um e-mail.

"O principal obstáculo seriam os entraves regulamentares, porque é uma tecnologia transgênica", prosseguiu.

Alimentos que contêm organismos geneticamente modificados são altamente controversos na União Europeia, devido a suspeitas públicas de que possam representar risco para a saúde.

Uma revisão abrangente em 2016 da literatura científica disponibilizada pelas Academias Nacionais de Ciências dos Estados Unidos não encontrou nenhuma evidência de que as culturas geneticamente modificadas não sejam o seguras para comer.

Leustek disse que pesquisadores também descobriram que pode ser possível cultivar milho que contenha este aminoácido sem usar engenharia genética.

"Por exemplo, alimentando plantas com diferentes fontes de nutrientes de enxofre, como fertilizantes", disse.

"Claro, isso exigirá trabalho adicional e o resultado não é garantido. Mas nossos resultados sugerem fortemente que mudanças no uso de fertilizantes também podem alcançar o resultado desejado", prosseguiu.

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