Covid-19: pesquisadores estudaram o DNA de 2.700 pacientes de covid-19 em 208 unidades de tratamento intensivo em todo o Reino Unido (Getty Images/Getty Images)
Reuters
Publicado em 11 de dezembro de 2020 às 18h34.
Cinco genes-chave estão ligados à forma mais grave de covid-19, disseram cientistas nesta sexta-feira, ao apresentarem uma pesquisa que também apontou para vários remédios existentes que poderiam ser adaptados para tratar pessoas que correm risco de ficarem gravemente doentes com a doença pandêmica.
Pesquisadores que estudaram o DNA de 2.700 pacientes de Covid-19 em 208 unidades de tratamento intensivo em todo o Reino Unido descobriram que cinco genes envolvidos em dois processos moleculares -- a imunidade antiviral e a inflamação pulmonar -- estão no centro de muitos casos graves.
"Nossos resultados sublinham imediatamente quais remédios deveriam estar no topo da lista para testes clínicos", disse Kenneth Baillie, consultor acadêmico de medicina de cuidados críticos da Universidade de Edimburgo que coliderou a pesquisa.
Os genes, conhecidos como IFNAR2, TYK2, OAS1, DPP9 e CCR2, explicam em parte porque algumas pessoas se tornam gravemente doentes de Covid-19 enquanto outras não são afetadas, disse Baillie.
As descobertas publicadas no periódico científico Nature devem ajudar os cientistas a acelerarem a busca por possíveis medicamentos para a Covid-19 por meio de testes clínicos de remédios que visam rotas antivirais e anti-inflamatórias específicas.
Entre os que têm mais potencial, disse, deve estar uma classe de anti-inflamatórios chamada de inibidores JAK, que inclui o remédio para artrite Baricitinib, da Eli Lilly.
A equipe de Baillie também descobriu que um reforço na atividade do gene INFAR2 pode criar proteção contra a Covid-19 porque é provável que ele imite o efeito do tratamento com interferon.
Vários remédios existentes estão sendo analisados em testes clínicos devido ao seu potencial contra a Covid-19, incluindo o interferon-beta-1a, o antagonista de receptor interleukin-1 e o remédio para artrite Kevzara, da Sanofi.
Até agora, o esteroide dexametasona e um antiviral recém-desenvolvido chamado remdesivir, fabricado pela Gilead, são os únicos medicamentos autorizados em todo o mundo para tratar pacientes de Covid-19 -- embora o remdesivir não seja recomendado para casos graves da doença e tenha mostrado resultados mistos em testes.
No mês passado, a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) aprovou o bamlanivimab, remédio anticorpos contra Covid-19 da Eli Lilly, para pacientes que não estão hospitalizados, mas correm risco de contrair uma doença grave por causa da idade ou outras condições.