Ciência

Cientistas alertam: muro de Trump pode fazer mal ao planeta

O concreto é uma fonte potente de gás do efeito estufa, e o “grande muro” de Trump precisará de muito

Muro de Trump: “a pegada de carbono de um muro desse tamanho seria enorme”, disse cientista (Jose Luis Gonzalez/Reuters)

Muro de Trump: “a pegada de carbono de um muro desse tamanho seria enorme”, disse cientista (Jose Luis Gonzalez/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 14h50.

Última atualização em 27 de janeiro de 2017 às 15h34.

O plano do presidente dos EUA, Donald Trump, de construir um muro na fronteira sul do país custará bilhões de dólares e já provocou um atrito diplomático com o México. Além disso, vai ser ruim para o planeta.

O concreto é uma fonte potente de gás do efeito estufa, e o “grande muro” de Trump precisará de muito dele -- mais que o dobro da quantidade usada na represa Hoover, de acordo com engenheiros da Universidade de Nova York e da University College London.

Um muro de 1.600 quilômetros exigiria quase 7,8 metros cúbicos de concreto. Isso liberaria até 1,9 milhão de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, de acordo com Christoph Meinrenken, cientista adjunto de pesquisa no Instituto Terra, da Universidade de Columbia. É mais que as emissões anuais de todas as casas de Pittsburgh.

“A pegada de carbono de um muro desse tamanho seria enorme”, disse Dan Millis, coordenador do programa de zonas de fronteira da divisão Arizona do Sierra Club, em uma entrevista.

A ordem executiva de Trump para construir o muro foi dada em um momento em que vários países de todo o planeta tentam reduzir os gases do efeito estufa e cumprir as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris sobre o clima.

O ano passado foi o mais quente já registrado, e as temperaturas estão subindo gradativamente para o nível que cientistas afirmam ser catastrófico, de acordo com as Nações Unidas.

‘Não de construir muros’

Os EUA precisam investir em infraestrutura e muitos dos projetos que valem a pena vão precisar de concreto, disse Rachel Cleetus, principal economista e gestora de política climática da Union of Concerned Scientists. Mas esses projetos deveriam estar alinhados ao objetivo mais geral de combater o aquecimento global.

“Vamos falar sobre modernizar as redes elétricas -- não de construir muros”, disse Cleetus em uma entrevista.

A maior parte do dióxido de carbono do concreto provém de seu principal ingrediente: o cimento. A indústria de cimento responde por cerca de 5 por cento das emissões globais de dióxido de carbono, de acordo com o Instituto Terra.

Em parte, isso se deve a que ele é feito a partir do aquecimento de calcário, um processo que libera carbono, e também porque exige o equivalente a 181 quilos de carvão para produzir uma única tonelada de cimento.

Na verdade, esses valores de emissão são estimativas. Trump não emitiu especificações exatas para o muro, dizendo em diversas ocasiões que ele cobriria cerca de 1.600 quilômetros e que teria de 10 a 15 metros de altura.

As estimativas compiladas pela Bloomberg pressupõem um muro com estrutura de aço, 1.600 quilômetros de comprimento, 10 metros de altura e 45 centímetros de espessura, que produziria de 1,2 milhão a 1,9 milhão de toneladas de dióxido de carbono.

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