Marte: o Planeta Vermelho. (Derek Berwin/Getty Images)
Agência
Publicado em 24 de abril de 2023 às 18h43.
Última atualização em 24 de abril de 2023 às 18h50.
A China divulgou nesta segunda-feira, 24, as primeiras imagens globais em cores de Marte obtidas pela primeira missão de exploração do planeta, fornecendo um mapa-base de melhor qualidade para tarefas científicas e de exploração no Planeta Vermelho.
As informações foram divulgadas pela Administração Nacional do Espaço da China (CNSA) na cerimônia de abertura do Dia do Espaço da China deste ano, de acordo com a mídia local.
Os mapas de imagens forneceram um mapa-base de melhor qualidade para projetos de exploração de Marte e pesquisas científicas, disse a CNSA. Os dados obtidos pela missão Tianwen farão contribuições essenciais para o conhecimento aprofundado da humanidade sobre o planeta.
A câmera de resolução média a bordo da Tianwen-1 tirou 284 imagens de sensoriamento remoto orbital de novembro de 2021 a julho de 2022, para obter cobertura global da superfície marciana. Foram adquiridas pelo sistema de aplicação terrestre 14.757 imagens, que foram processadas para obter o mapa global de imagens em cores de Marte.
Segundo especialistas, o mapa panorâmico de Marte da China é um dos mais avançados no campo que está aberto ao público, e isso significa que a China está disposta a compartilhar tecnologia e informações de ponta com seus pares.
“O Dia do Espaço da China deste ano destaca nossa disposição em compartilhar informações com o mundo, mostrando que as conquistas espaciais da China são totalmente para o desenvolvimento do progresso científico e tecnológico humano.
Também sugere nossa crescente confiança neste campo”, disse Song Zhongping, analista espacial e comentarista de TV, à mídia local, nesta segunda-feira.
“A tecnologia não tem fronteiras, mas os EUA têm constantemente erguido barreiras e cercas para bloquear os outros de sua tecnologia, além de se envolver em monopólios tecnológicos, hegemonia da informação e uma guerra fria no espaço”, disse ele.
Na cerimônia de abertura na segunda-feira, a CNSA também divulgou que 22 locais em Marte receberam nomes chineses.
As equipes de pesquisa da China identificaram um grande número de entidades geográficas perto do local de pouso da Tianwen por meio de imagens de alta resolução, e a União Astronômica Internacional nomeou 22 delas em homenagem a aldeias chinesas com significado histórico e cultural e uma população de menos de 100 mil habitantes.
Desta forma, a presença da China está permanentemente gravada na superfície de Marte.
A missão Tianwen-1, a primeira missão de exploração de Marte da China, iniciou sua jornada em 23 de julho de 2020 e, após 202 dias de viagem, começou a orbitar Marte.
Em 15 de maio de 2021, o rover Zhurong pousou em um local designado na superfície marciana e iniciou sua caminhada. Ele completou sua tarefa de exploração científica de 90 dias marcianos e continuou trabalhando por mais 268 dias marcianos, permanecendo em modo de hibernação desde então.
Até 29 de junho de 2022, o orbitador de Marte realizou o sensoriamento remoto global por mais de mil dias e ainda está em missão em ótimo estado.
A primeira missão de Marte da China, que orbita, pousa e percorre o Planeta Vermelho em uma só vez, foi concluída com sucesso. Os 13 equipamentos transportados pela missão acumularam 1,8 mil gigabytes de dados científicos e formaram produtos de dados-padrão.
Nos últimos dois anos, Tianwen-1 obteve dados de detecção em primeira mão e alcançou resultados notáveis de pesquisa científica, que, segundo analistas, serão continuados com outras missões de exploração multidimensionais sendo realizadas.
Em maio de 2022, uma equipe de pesquisa da CAS detectou minerais portadores de água em Marte, analisando dados coletados pelo rover Zhurong, marcando um feito mundial de que minerais portadores de água no planeta foram detectados por um espectrômetro infravermelho de onda curta em um rover de Marte. Os resultados foram publicados em detalhes na revista "Science".
Outra descoberta importante do rover marciano chinês ocorreu quando os cientistas usaram um radar de penetração no solo em Zhurong para encontrar possíveis evidências de inundações no Planeta Vermelho há bilhões de anos.
Embora não tenha sido encontrada evidência direta de água líquida na subsuperfície rasa, o estudo dá peso à teoria de que a área de pouso do rover – a Utopia Planitia – já abrigou um oceano antigo, disseram pesquisadores da CAS e da Universidade de Pequim em um artigo da revista "Nature" publicado em setembro de 2022.”
Tradução: Mei Zhen Li
Fonte: Diário do Povo