Ciência

CanSino: O que se sabe da vacina de dose única em avaliação pela Anvisa

Vacina chinesa pediu autorização de uso no Brasil para a Anvisa nesta terça-feira, 18; veja o que já se sabe sobre o imunizante de dose única

CanSino: o imunizante é feito a partir de um adenovírus humano não replicante (Amanda Perobelli/Reuters)

CanSino: o imunizante é feito a partir de um adenovírus humano não replicante (Amanda Perobelli/Reuters)

LP

Laura Pancini

Publicado em 20 de maio de 2021 às 12h20.

Nesta última terça-feira, 18, a Anvisa recebeu pedido de autorização temporária para uso emergencial da Convidencia, vacina contra o coronavírus da CanSino Biologics, empresa farmacêutica chinesa.

O pedido oficial foi feito pela empresa Belcher Farmacêutica, representante do laboratório chinês no Brasil. Em nota, a agência de saúde afirma que deve oferecer uma resposta em até 7 dias úteis e que já se reuniu com representantes do laboratório em março para apresentação dos procedimentos necessários para o aval.

O que é a vacina Convidencia da CanSino?

A vacina Convidencia é da empresa farmacêutica CanSino Biologics, produzido em conjunto com a Academia de Ciências Médicas Militares da China.

O imunizante é feito a partir de um adenovírus humano não replicante, assim como as vacinas da Oxford com a AstraZeneca, Sputnik V e Jonhson & Johnson com a farmacêutica Janssen. Assim como a última, ela é de dose única.

O imunizante foi o primeiro de dose única a ser aprovado na China pela Administração Nacional de Produtos Médicos da China (NMPA). Antes, em junho de 2020, a vacina só era autorizada para uso em militares chineses após aval da Comissão Militar Central da China.

Os ensaios clínicos da vacina foram desenvolvidos no Paquistão, na Rússia, no Chile, na Argentina e no México. Como pode ser armazenado e transportado de forma estável entre 2°C e 8°C, o imunizante é ideal para países como o Brasil.

Eficácia da Convidencia

Os dados de análise provisória do ensaio clínico de fase III indicam que o imunizante tem eficácia geral de 65,28% na prevenção geral da covid-19 sintomática 28 dias após a vacinação. Porém, a eficácia é maior em até 14 dias após a vacinação, subindo para 68,83%.

A mesma coisa acontece na prevenção de sintomas graves contra a covid-19: após 28 dias da vacinação, a eficácia é de 90,07%; já 14 dias depois da aplicação da dose única, é de 95,47%.

A queda na eficácia ao longo das semanas não significa que a vacina não funciona, sendo até algo comum em muitos imunizantes contra o coronavírus por isso que as de duas doses tendem a ser mais frequentes, já que "reforçam" os anticorpos.

Um outro exemplo é a já conhecida vacina da gripe que, em alguns anos, vezes não supera a marca dos 50% – em 2018, a eficácia do imunizante chegou a 25%.

Só a eficácia acima de 90% na prevenção de doenças graves é indicativa de que o imunizante chinês irá ajudar na redução de mortes e também na circulação do vírus pelo Brasil, caso seja aprovado pela Anvisa. Na última quarta-feira, 19, o país registrou 2.641 mortes em 24 horas, totalizando 441.691 óbitos, e 15.812.055 casos confirmados da doença.

Além disso, vale ressaltar que o imunizante da CanSino atende aos padrões técnicos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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