Ciência

Cães podem detectar covid-19? Pesquisadores britânicos tentam descobrir

ONG acredita que olfato apurado de cachorros pode ajudar no diagnóstico de coronavírus, assim como já acontece em casos de câncer e mal de parkinson

Reino Unido: Se o estudo estiver correto, ONG diz que os cães podem ser usados nos aeroportos para identificar possíveis infectados (Foto/AFP)

Reino Unido: Se o estudo estiver correto, ONG diz que os cães podem ser usados nos aeroportos para identificar possíveis infectados (Foto/AFP)

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AFP

Publicado em 22 de abril de 2020 às 20h15.

Última atualização em 22 de abril de 2020 às 20h15.

Cães podem detectar a COVID-19? A ONG britânica Medical Detection Dogs acredita que sim e começou a treinar seus animais para que farejem o coronavírus, como já acontece com outras doenças - entre elas, câncer e mal de Parkinson.

Criada em 2008 para usar o olfato agudo dos cães na detecção de doenças humanas, a ONG começou a trabalhar neste projeto no final de março.

Em sua sala de treinamento em Milton Keynes, centro da Inglaterra, os cachorros estão sendo intensamente treinados para farejar amostras do vírus e indicar quando o encontrarem. O procedimento se baseia na ideia de que cada doença emite um odor distinto, o qual os cães estariam em uma posição única para detectar.

A Medical Detection Dogs trabalhou no passado com seus cachorros para detectar câncer, mal de parkinson e infecções bacterianas. "Acreditamos que os cachorros podem detectar a COVID-19 e que poderão examinar centenas de pessoas muito, muito rapidamente para saber quem precisa ser submetido a um teste e ser isolado", explica à AFP a fundadora e diretora-executiva da ONG, doutora Claire Guest.

"Temos provas de que os cães podem detectar bactérias e outras doenças, por isso, acreditamos que levar esse projeto adiante fará uma grande diferença na capacidade de controlar a propagação da COVID-19", acrescenta.

Guest está trabalhando com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) e com a Universidade de Durham no nordeste da Inglaterra. Esta é a mesma equipe que colaborou, recentemente, para mostrar que os cachorros podem ser treinados para detectar a malária.

O chefe do Departamento de Controle de Doenças da LSHTM, James Logan, afirma que aquele projeto demonstrou que os cães podem identificar odores de humanos com "uma precisão extremamente alta".

Ele considera que há "uma probabilidade muito alta" de que sejam capazes de detectar a COVID-19 de forma semelhante e, potencialmente, "revolucionar nossa resposta" à doença.

A equipe tem como objetivo treinar os animais por um período de seis semanas para ajudar a proporcionar a ferramenta de "diagnóstico rápido e não-invasivo".

Os cachorros também podem detectar sutis mudanças na temperatura da pele, o que os torna potencialmente úteis para determinar se uma pessoa está com febre.

A Medical Detection Dogs também entrou em contato com o governo britânico para explicar como estes animais podem ser valiosos aliados no combate à pandemia.

Se tiverem sucesso, estes dispositivos de detecção com quatro patas podem ser implantados nos aeroportos para identificar os portadores do vírus, destaca Steve Lindsay, da Universidade de Durham.

"Isso ajudaria a evitar que a doença reapareça depois que o surto atual for controlado", acrescenta.

Já passa de 2,5 milhões o número de casos de coronavírus confirmados em todo mundo. Acredita-se, porém, que o número real de infecções seja maior, já que muitos países estão analisando apenas os casos graves, ou os pacientes que precisam de internação.

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