Homem joga futebol na praia: em média, os jogadores de futebol cabeceiam a bola de seis a 12 vezes em cada jogo (Stephanie Berghaeuser / Stock Xchng)
Da Redação
Publicado em 11 de junho de 2013 às 13h27.
Washington - Jogadores de futebol, por constantes cabeçadas na bola, mostram anormalidades cerebrais similares as de pacientes que sofreram concussões, revela estudo publicado nesta terça-feira pela revista "Radiology".
Uma equipe de pesquisadores no Colégio Albert Einstein de Medicina, na Yeshiva University, em Nova York, nos Estados Unidos, usou técnicas de imagem avançadas e testes cognitivos que avaliaram a memória dos participantes.
"Estudamos os jogadores de futebol porque este é o esporte mais popular do mundo", explicou Michael Lipton, diretor do Centro de Pesquisa de Ressonância Magnética.
"Há pessoas de todas as idades que jogam ao futebol e há preocupação porque as cabeçadas na bola - um componente chave deste esporte - pode causar danos ao cérebro", acrescentou o pesquisador.
Em média, os jogadores de futebol cabeceiam a bola de seis a 12 vezes em cada jogo, e em deslocamentos do objetivo que pode atingir os 80 km/h. Alguns atletas, no entanto, chegam a desferir 30 cabeçadas.
Segundo o estudo, é pouco provável que cada cabeçada causa dano traumático, como laceração de fibras nervosas, mas o resultado dos repetidos impactos preocupa. "As cabeçadas repetidas podem iniciar uma cascata de respostas que leva a degeneração das células cerebrais", afirmou Lipton.
Para estudar as consequências das cabeçadas, os pesquisadores usaram uma técnica avançada de imagem por ressonância magnética - DTI, em sua sigla em inglês - em 37 jogadores de futebol adultos, com idade média de 31 anos, todos que praticam o esporte desde crianças.
"Os dados de DTI, em relação aos jogadores que cabeceiam mais frequentemente, mostraram anormalidades da matéria branca similares as que vimos em pacientes com concussão", garantiu Lipton.
Atletas que cabecearam a bola mais de 1,8 mil vezes em um ano foram mais propensos a obter resultados mais baixos nos testes de memória, comparados com participantes que cabecearam menos vezes.