Vacina da Pfizer/BioNtech: a maior parte das doses fabricadas está sendo distribuída para os Estados Unidos (Justin Tallis/Pool/Getty Images)
Filipe Serrano
Publicado em 13 de março de 2021 às 09h31.
A BioNTech poderia ter capacidade para fabricar 3 bilhões de doses da vacina contra a covid-19 com a parceira americana Pfizer no ano que vem, disse o CEO da empresa alemã, o que ampliaria a disponibilidade do imunizante no mundo todo.
“Em princípio, poderíamos aumentar ainda mais a capacidade de fabricação”, disse Ugur Sahin na terça-feira em entrevista à Bloomberg TV. “Depende da demanda, depende de fatores como a necessidade de um reforço adicional da vacinação.”
A demanda global por vacinas contra a covid cresce diante da necessidade dos países de reabrir economias, retomar as aulas nas escolas e permitir que cidadãos retornem aos escritórios e lojas. Tanto os Estados Unidos quanto a Europa têm buscado acelerar a vacinação neste ano em meio à propagação de novas variantes mais contagiosas.
“Temos uma carteira de 1,3 bilhão de pedidos, que já está acertada”, disse Sahin. “Estamos discutindo doses adicionais - centenas de milhões de doses como opções - com organizações governamentais.”
As duas empresas se comprometeram a produzir neste ano 2 bilhões de doses da vacina, que requer duas injeções. A Pfizer prometeu enviar cerca de 65% do pedido de 300 milhões de doses dos EUA até o final de maio. Na União Europeia, os parceiros prometeram entregar pelo menos 500 milhões de doses neste ano, com opção de outras 100 milhões de doses.
A Pfizer projetou cerca de US$ 15 bilhões em receita em 2021 com as vendas de vacinas contra a Covid, e o CEO Albert Bourla disse que o preço do imunizante pode aumentar.
As preocupações sobre as novas variantes do coronavírus também podem impulsionar a demanda se as mutações evoluírem com capacidade de resistir às vacinas atuais. A BioNTech já negocia possíveis pedidos de reforço, disse Sahin.
BioNTech e Pfizer começaram preparar a base para uma dose de reforço da vacina, que usa a nova tecnologia de RNA mensageiro. Um ensaio, iniciado em fevereiro, examina a segurança e a resposta imunológica de uma terceira dose da vacina em pessoas que participaram de um estudo anterior com o imunizante no ano passado. Os parceiros também planejam um ensaio com humanos de uma nova vacina específica para a variante que surgiu no final do ano passado na África do Sul.
“Agora entendemos que a evolução do vírus pode resultar em novas variantes, que vêm com novas características biológicas e médicas”, disse Sahin. “O mundo não estava preparado para esta pandemia, e agora entendemos que isso pode acontecer novamente.”
Em estudos de laboratório que usaram sangue de pessoas que foram imunizadas, a forma existente da vacina parece ser menos eficaz contra a cepa da África do Sul do que contra outras versões do coronavírus. Embora a vacina ainda pareça oferecer certa proteção, as implicações das variantes permanecem obscuras.
As empresas obterão mais dados sobre a variante da África do Sul dentro de seis a oito semanas, disse Sahin.
A vacina Pfizer-BioNTech foi autorizada por mais de 50 países. Além da UE e dos EUA, outros grandes pedidos vieram do Japão, Canadá e Reino Unido.