. (Louis-Paul St-Onge/Thinkstock)
São Paulo – As condições de higiene e assepsia valorizadas em ambientes hospitalares podem não ser tão benéficas aos recém-nascidos quanto faz parecer o senso comum. Bebês nascidos em casa têm contato com um número maior de bactérias e outros micro-organismos desde as primeiras horas de vida, o que pode afetar positivamente o desenvolvimento da imunidade e do metabolismo. É o que afirma um estudo coordenado pela Faculdade de Enfermagem Rory Meyers da Universidade de Nova York e publicado em outubro na revista Scientific Reports.
Os pesquisadores acompanharam 35 bebês de parto normal e suas mães por um mês após o nascimento, dos quais 14 nasceram em casa (quatro deles na água) e 21 no hospital. Todos os bebês foram amamentados exclusivamente com leite materno logo após o nascimento.
As bactérias encontradas no intestino e nas fezes dos bebês nascidos em casa eram mais diversas, segundo o estudo. O microbioma humano consiste em trilhões de bactérias, fungos e vírus que vivem em nossos corpos, muitos dos quais beneficiam nossa saúde e previnem condições crônicas como obesidade, diabetes, asma e desordens inflamatórias intestinais. Micróbios transmitidos da mãe para o bebê ajudam a prevenir doenças crônicas.
"As razões para as diferenças entre bebês nascidos em casa e em hospitais não são conhecidas, mas especulamos que intervenções hospitalares comuns como o banho infantil precoce e a profilaxia antibiótica ocular ou fatores ambientais - como o ambiente asséptico do hospital - podem estar envolvidos", disse a professora de Bioquímica e Microbiologia e autora do estudo, Maria Gloria Dominguez-Bello.
Embora mais pesquisas sejam necessárias, o estudo sugere que a renovação do ambiente hospitalar para nascimentos de baixo risco, de modo que se aproxime mais das condições do lar, pode ser benéfica.