Ciência

Basta o celular por perto para você ficar mais burro, diz estudo

Estudo norte-americano revelou que o smartphone não precisa nem estar ligado para que as capacidades cerebrais de seu dono diminuam

Smartphones: a mera presença do aparelho foi suficiente para reduzir a capacidade cognitiva dos participantes (oneinchpunch/Thinkstock)

Smartphones: a mera presença do aparelho foi suficiente para reduzir a capacidade cognitiva dos participantes (oneinchpunch/Thinkstock)

Marina Demartini

Marina Demartini

Publicado em 27 de junho de 2017 às 13h44.

São Paulo – Pesquisadores da Universidade do Texas, nos EUA, fizeram uma revelação preocupante sobre o uso de smartphones. Em experimentos conduzidos com mais de 800 usuários de smartphones, eles descobriram que a presença do aparelho móvel reduz significativamente a capacidade cerebral das pessoas. Detalhe: não importa se o celular está ligado ou não, basta que ele esteja à vista.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores pediram para os participantes responderem a um teste que exigia muita concentração e capacidade cognitiva elevada, ou seja, boa memória e raciocínio rápido. Antes de iniciar o experimento, alguns voluntários foram designados aleatoriamente para colocar seus smartphones no bolso, em outro quarto ou em cima de uma mesa com a tela para baixo.

No final desse teste, os cientistas notaram que os participantes que deixaram seus aparelhos móveis em outro quarto tiveram resultados mais positivos do que aqueles que deixaram os dispositivos fisicamente próximos a eles.

Os experimentos não acabaram por aí. Os voluntários identificados como viciados em seus smartphones ainda foram divididos em dois grupos: extremamente dependentes e dependentes. Ambos precisaram realizar os mesmos testes cognitivos só que, dessa vez, os participantes do primeiro time (mais dependentes) precisaram desligar os celulares.

O que os pesquisadores notaram foi que os usuários extremamente viciados mostraram um desempenho muito pior nos testes do que seus pares menos dependentes, mas apenas quando mantiveram os dispositivos na mesa, no bolso ou em uma bolsa.

A boa notícia é que quando o smartphone foi colocado em outra sala, todos os voluntários – independentemente de seus graus de dependência – tiveram bons resultados nos testes de capacidade cognitiva.

"Vemos uma tendência linear que sugere que à medida que o smartphone se torna mais visível, a capacidade cognitiva disponível dos participantes diminui”, explica Adrian Ward, um dos autores do estudo em um comunicado. Segundo ele, a ação de não pensar em seu smartphone (mesmo que inconscientemente) também exige que o cérebro trabalhe. "É uma fuga de cérebros", finaliza.

Assim, uma das conclusões mais interessantes dessa pesquisa é que não importa se o seu dispositivo móvel está ligado ou se ele está com a tela virada para cima. "Não é que os participantes estavam distraídos porque recebiam notificações em seus celulares", disse Ward. "A mera presença de seu smartphone foi suficiente para reduzir sua capacidade cognitiva".

Um estudo de junho de 2016, realizado pela Nottingham Trent University, revelou que usuário típico de smartphone interage com seu dispositivo 85 vezes por dia, em média. Segundo a pesquisa, o uso de smartphones está limitado a um duração curta, inferior a 30 segundos. No entanto, ao reunir todo esse tempo de uso, os pesquisadores descobriram que as pessoas passam um terço do tempo que estão acordadas com o celular na mão. 

Acompanhe tudo sobre:MedicinaPesquisas científicasSaúdeSmartphones

Mais de Ciência

Telescópio da Nasa mostra que buracos negros estão cada vez maiores; entenda

Surto de fungos mortais cresce desde a Covid-19, impulsionado por mudanças climáticas

Meteoro 200 vezes maior que o dos dinossauros ajudou a vida na Terra, diz estudo

Plano espacial da China pretende trazer para a Terra uma amostra da atmosfera de Vênus