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Atila Iamarino faz alerta sobre colapso de UTIs e o estado da pandemia

O doutor em microbiologia estima que o número de mortes continuará a subir se nada mudar no combate ao coronavírus

 (YouTube/Reprodução)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 17 de março de 2021 às 09h51.

Última atualização em 17 de março de 2021 às 09h54.

Atila Iamarino, doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo e divulgador científico, passou a fazer vídeos ao vivo na pandemia, as chamadas lives. Nelas, Iamarino fala sobre a situação da pandemia no Brasil e no mundo. Na noite desta terça-feira, Iamarino fez alertas sobre o estado atual da covid-19 no Brasil, a falta de leitos de UTIs em hospitais e a possibilidade de o número de casos da doença no país ser maior do que o reportado.

Para Iamarino, as medidas de restrição de circulação atualmente implementadas em algumas regiões, como o estado de São Paulo, ainda não são suficiente para conter a doença porque “o vírus não circula só durante a noite”. Ele alertou para a inexistência de tratamentos preventivos contra a covid, esclarecendo que apenas funcionam vacinas, uso de máscaras e restrição de circulação de todos que puderem ficar em casa.

Sobre as UTIs, Iamarino reverberou a visão de Fiozcruz, que apontou na noite de ontem que o país passa pelo maior colapso hospitalar da história. O divulgador científico também fez uma estimativa da taxa de letalidade média do coronavírus com o número de mortes no Brasil.

“A letalidade da covid fica entre 1% e 0,5%. A cada cem pessoas, uma morre. Com três mil óbitos, são pelo menos 300 mil casos, em uma extrapolação grosseira, uma vez que os dados não são públicos ou facilmente acessíveis. Por dia, eram 300 mil casos de covid em fevereiro. O Brasil ainda tem cerca de 4 milhões de testes em estoque. Não testamos o suficiente e o número de casos pode ser maior do que o reportado”, afirmou Iamarino, no vídeo. Ele estima, também, que o número de casos diários pode atingir até 15 milhões, fazendo uma extrapolação simples dos dados.”Podemos ter 3 mil mortes por dia por três ou quatro meses.”

Rebatendo argumentos de que a imunidade coletiva pode ser atingida sem vacinação em massa, Iamarino disse que os vírus podem evoluir para se tornarem mais contagiosos, como já aconteceu, ao menos, três vezes só no Brasil desde que o coronavírus infectou o primeiro paciente no ano passado. “Não podemos esperar o curso natural da doença. É loucura. É massacre. Sem a nossa ação, isso não terá fim”, disse.

Em um levantamento feito pela empresa de gestão hospitalar Planisa, os custos com internações hospitalares de pacientes infectados pela covid no ano de 2020 seriam o suficiente para comprar vacinas da AstraZeneca com a Universidade de Oxford para toda a população brasileira tomar duas doses -- e ainda haveria sobra de 35 milhões de duas doses do imunizante.

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