Buraco negro Ansky: cientistas observam fenômeno histórico com erupções quase periódicas de raios X (Elen11/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 14 de abril de 2025 às 11h53.
Em um marco histórico para a astronomia, cientistas testemunharam um evento inédito: o "despertar" de um buraco negro supermassivo em tempo real.
Localizado no centro da galáxia SDSS1335+0728, a cerca de 300 milhões de anos-luz da Terra, esse gigante cósmico, apelidado de Ansky, está emitindo intensas explosões de raios X em intervalos quase regulares, fascinando a comunidade científica.
Os primeiros sinais de atividade de Ansky foram detectados em 2019, quando cientistas observaram flashes luminosos e emissões de raios-x inéditas.
Desde então, o buraco negro tem sido monitorado de perto por telescópios espaciais como o XMM-Newton da Agência Espacial Europeia e os telescópios Chandra e Swift da Nasa.
Em fevereiro de 2024, foi confirmado que Ansky havia se tornado ativo, recebendo a classificação de núcleo galáctico ativo (AGN).
O despertar de um buraco negro supermassivo refere-se ao momento em que esse gigantesco objeto cósmico, geralmente inativo, começa a mostrar sinais de atividade intensa.
Isso ocorre quando o buraco negro começa a engolir grandes quantidades de matéria, como gás e poeira, em seu entorno, liberando enormes quantidades de energia na forma de radiação, incluindo raios X e luz visível.
O comportamento de Ansky é caracterizado por erupções quase periódicas (QPEs), um fenômeno explosivo que nunca havia sido observado com tanta clareza.
Essas erupções são 10 vezes mais longas e luminosas do que as típicas, liberando cem vezes mais energia do que eventos similares já registrados.
A cadência dessas erupções, ocorrendo a cada 4 a 5 dias, desafia os modelos atuais sobre como esses flashes são gerados.
Este evento oferece uma oportunidade única para os astrônomos estudarem o comportamento de um buraco negro em tempo real, ajudando a entender melhor como esses objetos cósmicos alternam entre fases de inatividade e atividade.
A observação de Ansky pode trazer respostas sobre o que desencadeia a atividade desses gigantescos objetos, contribuindo significativamente para a evolução da astrofísica.