. (Jacky Lam/EyeEm/Getty Images/Getty Images)
São Paulo - Os mistérios acerca da morte ainda são muitos para a ciência. Quanto tempo o cérebro humano permanece funcionando depois da morte? Ainda existe consciência–ou seja, as pessoas “sabem” que estão morrendo–momentos após os órgãos pararem de funcionar? Os cientistas ainda traçam uma longa caminhada para ter uma resposta, mas algumas pesquisas contribuem para elaborar um cenário mais completo sobre o tema.
Para a medicina, a hora da morte é geralmente decretada quando o coração da pessoa para completamente. A partir desse momento, as células corporais ainda conseguem permanecer ativas por algumas horas. Cientistas da Universidade de Southampton, no Reino Unido, passaram quatro anos examinando mais de duas mil pessoas que sofreram parada cardíaca em 15 hospitais no Reino Unido, Estados Unidos e Áustria. Das 330 sobreviventes, 40% conseguiram relatar o que perceberam enquanto seu coração estava sem atividade.
“Eles disseram terem assistido ao trabalho dos médicos e dos enfermeiros, terem ciência das conversas e imagens que apareciam em sua volta, coisas que eles não teriam como saber de outra maneira”, disse ao site LiveScience o coordenador do estudo, Dr. Sam Parnia. O estudo foi publicado em 2016 no periódico Resuscitation.
Um homem de 57 anos deu pistas interessantes sobre seu período de consciência enquanto sofria com a parada cardíaca. "Sabemos que o cérebro não pode funcionar quando o coração parou de bater", disse Parnia ao site National Post. "Mas, neste caso, a percepção consciente parece ter continuado por até três minutos no período em que o coração não estava batendo, embora o cérebro geralmente se desligue dentro de 20 a 30 segundos após o coração parar. O homem descreveu tudo o que havia acontecido na sala, mas, mais importante, ele ouviu dois bips de uma máquina que faz um barulho em intervalos de três minutos”, explicou.
Um estudo publicado em 2017 foi além: por meio do monitoramento da atividade cerebral, médicos canadenses ficaram impressionados com um paciente que apresentou atividade cerebral por mais de dez minutos após ser declarada sua morte, semelhante à atividade registrada quando estamos dormindo.
Apesar de ser difícil saber o que se passa após a morte, os pesquisadores parecem estar chegando perto–ainda que mais estudos sobre o tema sejam necessários, uma vez que os achados não são conclusivos.