Máscara contra o coronavírus da Reserva (Reserva/Divulgação)
AFP
Publicado em 7 de setembro de 2020 às 17h46.
Última atualização em 8 de setembro de 2020 às 11h09.
Há quem diga que as máscaras são permeáveis demais para deter o vírus ou, pelo contrário, podem impedir a respiração. Essas e outras teorias sobre as máscaras continuam sendo espalhadas pelos que são contrários ao seu uso, apesar de já terem sido desmentidas por muitos cientistas há meses.
A falsa ideia de uma "hipóxia" - deficiência de oxigênio - é uma das mais comuns. Algumas postagens nas redes sociais até afirmam que as máscaras podem matar.
No entanto, como muitos médicos explicaram à AFP, "a máscara não é um circuito fechado, ela permite que o oxigênio passe", ressalta, por exemplo, o médico Yves Coppieters, epidemiologista e professor de saúde pública da Universidade Livre de Bruxelas.
Em contrapartida, ela pode dar uma "sensação de desconforto, que dá a impressão de asfixia, mas é psicológico. No caso de uma pessoa com boa saúde, (a máscara) não a impede de realizar as atividades normais do dia a dia", acrescenta.
A essa crença se soma a teoria muito popular de que com ela você respira seu próprio CO2. Porém, "como não é um circuito fechado", "quase todo o ar expirado escapa", explica Shane Shapera, diretor do programa de doenças pulmonares do hospital público de Toronto, no Canadá.
“As infecções fúngicas graves são raras”, explica Françoise Dromer, chefe da unidade de Micologia Molecular e do Centro de Referência Nacional para Micoses Invasivas e Antifúngicas do Instituto Pasteur, na França. "Nas condições de uso recomendadas, é impossível que fungos se desenvolvam dentro de uma máscara."
“Para que uma máscara apodreça, ela precisa, por exemplo, ser deixada úmida em uma sala cheia de mofo ou com um adubo, durante semanas”, acrescenta Dromer, lembrando que o apetrecho deve ser trocado a cada quatro horas.
Como "o ser humano tem bactérias normais na boca e nas narinas", "quando falamos expelimos gotículas de saliva e pode ser que haja fungos e bactérias que fiquem na máscara", diz Daniel Pahua, professor de saúde pública da Universidade Nacional Autônoma do México.
Mas “a maioria desses agentes não causa doenças, porque são bactérias que nós (já) temos na boca” normalmente, ressalta.
A teoria de que as máscaras deixam os vírus passarem porque os buracos do tecido são maiores do que os vírus também é muito popular.
Em primeiro lugar, "o tamanho da partícula viral não é relevante. É o tamanho das gotículas que contêm o vírus que conta", e as máscaras as filtram com folga, explica o médico Julian Leibowitz, professor de imunologia microbiana na Texas A&M University.
Por outro lado, a máscara cirúrgica não funciona como um coador, ela filtra de acordo com outros princípios físicos, como o efeito da inércia e da captura eletrostática, de forma a conter ao máximo as gotículas, mesmo as pequenas, segundo Jean-Michel Courty, professor de física na Universidade de Sorbonne em Paris e pesquisador do laboratório Kastler Brossel.
Além disso, "as máscaras não precisam ser 100% eficazes para desempenhar um papel significativo na redução da epidemia", aponta o virologista Benjamin Neuman, da Texas A&M University.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) as considera uma medida eficaz para limitar a propagação, junto com o distanciamento físico e a lavagem das mãos. E mais ainda quando são utilizadas em massa, já que seus usuários protegem uns aos outros.