Covid-19: foram analisadas amostras de 96 animais levados a duas clínicas veterinárias da capital fluminense entre junho e agosto de 2020 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Agência Brasil
Publicado em 3 de maio de 2021 às 11h54.
Pesquisadores de laboratórios da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Texas A&M identificaram anticorpos neutralizantes contra o coronavírus SARS-CoV-2 (o mesmo que causa a covid-19) em um gato e um cachorro de rua do Rio de Janeiro. A presença das estruturas de defesa significa que eles foram expostos ao vírus e desenvolveram resposta imune.
O estudo foi publicado como artigo científico no mês passado, na revista Plos One, e divulgado hoje (29) pela Agência Fiocruz de Notícias.
Foram analisadas amostras de 96 animais levados a duas clínicas veterinárias da capital fluminense entre junho e agosto de 2020. No grupo analisado, havia 49 gatos e 47 cachorros, incluindo animais de estimação em casas com e sem registro de casos de covid-19 e animais de rua recém-acolhidos por organizações não governamentais.
A constatação de anticorpos contra o novo coronavírus em animais já foi registrada em outras partes do mundo e sugere que a transmissão de humanos para animais é possível. Os cientistas enfatizam que não há evidências científicas de que o oposto possa ocorrer e reforçam que não há qualquer justificativa para abandono ou maus tratos de animais.
Os casos de bichos com anticorpos contra o SARS-CoV-2 foram documentados principalmente em animais domésticos de famílias em que há casos da doença, mas também já há outros registros em que animais de rua e até de zoológicos foram infectados.
A pesquisa realizada no Rio de Janeiro foi liderada por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), vinculados aos Laboratórios de Imunologia Viral, de Mosquitos Transmissores de Hematozoários, de Morfologia e Morfogênese Viral e de Vírus Respiratórios e do Sarampo e contou com a participação da Clínica Veterinária Animal Help.
Para identificar os anticorpos, as amostras foram analisadas por meio de uma metodologia de ensaio sorológico altamente específica, conhecida como PRNT90.
Os animais também foram testados com exames PCR para identificar infecções ativas, e nenhum resultado positivo foi encontrado. Para esses testes, foram coletadas amostras de swab orofaríngeo e anal.