Anel Oura Ring (OuraRing/Reprodução)
André Martins
Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 13h43.
Um anel com sensores pode identificar se alguém está com covid-19, mesmo em casos que o paciente apresente apenas sintomas leves. É o que diz um estudo preliminar conduzido pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Dispositivo chamado Oura Ring pode ser um melhor indicador de doença do que um termômetro, e levar ao isolamento e testes mais cedo, reduzindo a propagação de doenças infecciosas. O sensor feito pela startup finlandesa Oura, mede também continuamente o sono, as frequências cardíacas e respiratórias. O anel está disponível para venda e pode ser conectado a um aplicativo móvel.
O estudo analisou dados de cinquenta pessoas previamente infectadas com covid-19 e descobriu que as informações obtidas do anel com sensores teve precisão de identificar temperaturas mais altas em pessoas com sintomas leves. A descoberta foi publicada na revista científica Scientific Reports em 14 de dezembro de 2020.
Embora não se possa afirmar a eficácia com que o anel inteligente possa detectar covid-19 em assintomáticos - que afeta entre 10% a 70% das pessoas infectadas, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA - os autores relataram que, para 38 dos 50 participantes, a febre foi identificada quando os sintomas não foram relatados.
Os pesquisadores analisaram semanas de dados de temperatura para determinar intervalos típicos para cada um dos 50 participantes. “A medição de temperatura de um único ponto não é muito significativa. As pessoas entram e saem da febre, e uma temperatura claramente elevada para uma pessoa pode não ser uma grande aberração para outra. Informações contínuas sobre a temperatura podem identificar melhor a febre", disse Ashley Mason, pesquisador e líder do estudo.
Apesar do número de participantes do estudo preliminar ser pequeno para comparar com toda a população, os autores disseram que conseguiram verificar que anel inteligente detectou doenças quando os sintomas ainda eram sutis. “Isso levanta a questão de quantos casos assintomáticos são realmente assintomáticos e quantos podem simplesmente passar despercebidos ou não relatados”, disse o pesquisador Benjamin Smarr.
Os pesquisadores forneceram os anéis para cerca de 3.400 profissionais de saúde em todos os Estados Unidos e trabalharam com a fabricante do dispositivo para convidar os usuários existentes a participarem do estudo por meio do aplicativo Oura, resultando na inscrição de mais de 65.000 participantes em todo o mundo. Com isso a equipe de pesquisadores poderão ter dados de mais pessoas para a conclusão do estudo. “A esperança é que as pessoas infectadas com covid sejam capazes de se preparar e isolar mais cedo, chamar seu médico mais cedo, notificar as pessoas com quem eles estiveram em contato mais cedo e não espalhar o vírus”, concluiu Mason.