Pesquisas: alimentação focada em comidas pouco saudáveis pode atrapalhar memória e autocontrole (Getty Images/Reprodução)
Lucas Agrela
Publicado em 22 de fevereiro de 2020 às 09h00.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2020 às 09h00.
Um novo estudo científico feito por pesquisadores das Universidades de Macquarie e Griffith, na Austrália, mostra quem uma dieta baseada em alimentos chamados, em inglês, de junk food, como hambúrgueres, lanches e cereais açucarados, tem impacto negativo na região do cérebro responsável pela regulação do apetite e da memória, o hipocampo.
“Esses alimentos podem agir de modo a prejudicar o autocontrole ao aumentar o desejo de comer,” disseram, em nota, os autores do estudo.
Publicada no periódico científico Royal Society Open Science, a pesquisa foi feita com 110 indivíduos classificados como "magros e saudáveis", na casa dos 20 anos de idade. Divididos em dois grupos, metade dos participantes seguiu uma dieta balanceada comum enquanto os demais se alimentaram de junk food. O período de análise foi de uma semana. Antes, durante e depois desse período, os cientistas realizaram testes com os participantes para avaliar a memória e o autocontrole perante alimentos.
A descoberta dos pesquisadores foi de que o consumo contínuo de refeições baseadas em lanches e alimentos excessivamente açucarados tem impacto hipocampo, que normalmente suprime memórias sobre o sabor de alimentos tentadores quando estamos satisfeitos. Quem consome muitos alimentos do grupo chamado junk food tem esse bloqueio de desejo diminuído, o que pode levar as pessoas a comer mais.
Após três semanas do período do estudo, com participantes voltando para suas dietas normais, os pesquisadores refizeram os testes novamente e constataram que os efeitos da dieta insalubre não são permanentes.
Em um outro estudo recente, o risco de desenvolvimento de obesidade por consumo de alimentos inadequados por longos períodos foi reforçado. Pesquisadores do Departamento de Medicina Clínica da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, constataram que o consumo de alta dosagem de açúcar por um período de doze dias em porcos – que estão entre os animais mais indicados para realizar paralelos biológicos com humanos – causou mudanças no cérebro que são semelhantes às encontradas nos cérebros de humanos que usam cocaína. A Organização Mundial da Saúde recomenda, entre outras coisas, limitar a ingestão de açúcar e sal e, também, evitar gorduras trans para ter uma dieta balanceada.