Pessoas de máscara no Rio de Janeiro: até esta quinta-feira, mais de 38,7 milhões de pessoas haviam contraído a doença, e mais de 1 milhão morreram no mundo (Ricardo Moraes/Reuters)
Victor Sena
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 16h44.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 17h32.
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Princeton “desenhou” diversos cenários para o futuro da pandemia de covid-19 e mostrou que, além de uma imunização gerada por uma vacina que dê certo contra o novo coronavírus, a imunidade naturalmente adquirida pela população ao entrar em contato com o vírus vai definir como serão possíveis novas ondas da pandemia.
A uma reportagem publicada no site da universidade, que detalha o estudo, o coautor da pesquisa Chadi Saad-Roy explica que, até agora, os cálculos consideravam o uso de máscara e o distanciamento social para prever o futuro da pandemia.
“No curto prazo, e durante a fase pandêmica, esses são o principal determinante da carga de casos. No entanto, o papel da imunidade se tornará cada vez mais importante à medida que olhamos para o futuro”, explica o pesquisador.
No artigo, os pesquisadores usaram um modelo que prevê a futura incidência de casos e o grau de imunidade nas pessoas, a partir de uma série de suposições relacionadas à probabilidade de os indivíduos transmitirem o vírus em diferentes contextos.
Por exemplo, o modelo permite diferentes durações de imunidade após a infecção, bem como diferentes graus de proteção contra reinfecção.
Conforme esperado, o modelo descobriu que o pico pandêmico inicial é amplamente independente da imunidade porque a maioria das pessoas é suscetível. Porém, novas possibilidades para o tamanho futuro da pandemia surgem à medida que a imunidade aumenta na população. Há opções "mais positivas" e outras menos.
Em todos os cenários, uma vacina capaz de induzir uma forte resposta imunológica poderia reduzir substancialmente o número de casos futuros.
Mesmo uma vacina que oferece proteção apenas parcial contra a transmissão secundária pode gerar grandes benefícios se amplamente implantada, relataram os pesquisadores.
O futuro da pandemia também depende da possibilidade de reinfecção em pessoas que já contraíram o vírus.
De acordo com a pesquisadora Caroline Wagner, que também trabalhou na pesquisa, da McGill University, é importante entender se, com a possibilidade de reinfecção, essas pessoas ainda transmitem para outras como da primeira vez.
Ainda não há nenhuma vacina aprovada para combater a infecção pelo novo coronavírus. Até esta quinta-feira, mais de 38,7 milhões de pessoas haviam contraído a doença, e mais de 1 milhão morreram no mundo, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.