Publicado em 24 de janeiro de 2025 às 07h06.
Um estudo recente, publicado no British Journal of Psychiatry, revelou uma ligação alarmante entre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e a expectativa de vida reduzida em adultos. Os dados analisaram mais de 30 mil pacientes diagnosticados com TDAH no Reino Unido e os compararam a um grupo de mais de 300 mil pessoas sem o diagnóstico, ajustados por idade, sexo e local de atendimento médico.
Entre os principais achados, o estudo indicou que homens com TDAH vivem, em média, 7 anos a menos do que os homens sem o transtorno. Já as mulheres perdem cerca de 9 anos de vida em comparação com suas contrapartes. De acordo com Josh Stott, professor de psicologia clínica e envelhecimento na University College London e autor sênior do estudo, "é profundamente preocupante que alguns adultos com TDAH diagnosticado estejam vivendo menos do que deveriam."
Os pesquisadores destacam que o impacto do TDAH não está diretamente relacionado ao transtorno em si, mas ao seu efeito sobre os comportamentos e escolhas de vida. Baixa escolaridade, menor renda, maior propensão ao tabagismo, sono insuficiente, alimentação inadequada e direção perigosa são alguns dos fatores associados à impulsividade característica do TDAH.
"Esses fatores, praticamente todos, podem ser modificados", explica Russell Barkley, professor aposentado de psiquiatria da Virginia Commonwealth University Medical Center, que já conduziu estudos semelhantes. Em uma análise publicada em 2019, Barkley constatou que crianças com TDAH acompanhadas até a idade adulta apresentavam uma redução de 8,4 anos na expectativa de vida e mais anos vividos com problemas de saúde.
Além disso, o TDAH não tratado aumenta significativamente o risco de desenvolver doenças como diabetes e problemas cardíacos, além de contribuir para mortes precoces causadas por acidentes ou suicídio, segundo Max Wiznitzer, professor de neurologia pediátrica da Case Western Reserve University.
Especialistas são unânimes em afirmar que o tratamento do TDAH é essencial para mitigar os riscos. A abordagem combinada de medicamentos e terapias comportamentais pode ajudar a gerenciar as dificuldades relacionadas às funções executivas e reduzir os impactos negativos na saúde.
"Se você tratar o TDAH e ensinar habilidades para lidar com as dificuldades, isso reduz os riscos de complicações futuras", enfatiza Wiznitzer. Ele reforça a necessidade de integrar essas intervenções desde a infância até a vida adulta, prevenindo assim os desdobramentos mais graves associados ao transtorno.
Embora os desafios sejam significativos, o estudo ressalta que mudanças no estilo de vida e tratamentos adequados podem fazer a diferença, aumentando a qualidade e a expectativa de vida das pessoas com TDAH.