Pobreza rural: cerca de 6.000 pessoas morrem anualmente no Brasil devido às complicações crônicas da doença (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de abril de 2020 às 06h35.
Última atualização em 14 de abril de 2020 às 06h50.
Hoje, 14 de abril, é o Dia Mundial da Doença de Chagas. A data, instituída no ano passado pela Organização Mundial da Saúde para conscientizar os países sobre essa “doença silenciosa”, coincide com o dia em que, no ano de 1909, o médico brasileiro Carlos Chagas diagnosticou pela primeira vez a doença, em uma menina de 2 anos na cidade de Lassance, no interior de Minas Gerais.
Além de caracterizar o agente causador da infecção – o protozoário parasita Trypanosoma cruzi –, Chagas identificou o inseto transmissor, popularmente conhecido como barbeiro.
A doença de Chagas é considerada “silenciosa” por atingir principalmente a população carente que vive em moradias precárias, sem voz política e sem acesso ao sistema básico de saúde – um problema que tende a se agravar agora em razão da sobrecarga nos hospitais para prestar socorro prioritariamente aos pacientes infectados com o novo coronavírus.
Passados 111 anos da descoberta de Carlos Chagas, a doença descrita por ele ainda faz muitas vítimas, sobretudo em países tropicais pobres. A OMS estima que haja entre 6 milhões e 7 milhões de pessoas infectadas no mundo, principalmente na América Latina. No Brasil, os dados são imprecisos, mas o Ministério da Saúde estima algo entre 1,9 milhão e 4,6 milhões de pessoas infectadas.
Por muito tempo, a doença de Chagas foi uma infecção restrita à América Latina. Nas últimas décadas, porém, o problema se espalhou para outros continentes, devido à migração de pessoas. Há casos registrados na Europa, no Japão e na Austrália, além de Estados Unidos e Canadá.
A infecção oral pode ocorrer pelo consumo de alimentos contaminados pelo parasita, como açaí ou caldo de cana, nos quais os barbeiros são acidentalmente triturados durante o preparo dos sucos. A disseminação da doença pode ocorrer também por meio de transfusão de sangue, transplante de órgãos ou transmissão de uma mãe infectada para o bebê recém-nascido.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), menos de 10% das pessoas infectadas são diagnosticadas a tempo e apenas 1% recebe o tratamento adequado. Na fase aguda, a doença pode ser assintomática ou apresentar sintomas leves como febre, fadiga e náusea.
Na fase crônica, cerca de 30% das pessoas desenvolvem problemas cardíacos ou digestivos. Essas condições podem levá-las à morte – segundo algumas estimativas, cerca de 6.000 pessoas morrem anualmente no Brasil devido às complicações crônicas da doença. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes e ajudá-los a conviver com a doença.