Woody Allen apresenta o seu novo filme "Para Roma, com amor" em Los Angeles em 14 de junho de 2012 (Jason Merritt/Getty Images/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de setembro de 2012 às 16h48.
Paris - O cineasta americano Woody Allen, durante uma coletiva de imprensa do filme "Para Roma com Amor" na Espanha, declarou que o principal objetivo de seus filmes é somente "entreter as pessoas".
"São apenas tentativas de entreter as pessoas", insistiu Allen ao exaltar que esta busca deve ser uma prioridade para qualquer diretor. Segundo o cineasta, este é o seu principal ofício, o qual ele deseja seguir trabalhando "até que sua saúde agüente e até onde continuar ganhando dinheiro".
Após o turno de Londres, Barcelona e Paris, o roteirista, músico e escritor, que não descarta a possibilidade de rodar um filme na América Latina, voltou à Europa para modelar uma história que foi escrita especialmente para Roma, cidade que, em sua opinião, é enérgica, complicada, cheia de barulho, com trânsito "por todas as partes" e pessoas "que não levam a vida muito a sério".
Allen também exalta que o financiamento é um dos principais motivos para rodar filmes que possuem cidades como protagonistas, como fez em sues últimos longas. No entanto, o cineasta não considera que esta ação se resume em "vender" ideias para quem financia seus filmes.
"Aceitam trabalhar sob minhas condições. Nos EUA, isso não agrada e não me dão dinheiro. No final, eles não lêem nem o roteiro e compram só a minha figura", declarou.
Esse acordo de financiamento acaba beneficiando ambas as partes, já que Allen consegue filmar em lugares que lhe "encanta", enquanto os investidores obtêm em troca uma grande publicidade. Por conta deste fato, a crítica costuma dizer que estes filmes não costumam ser muito mais do que um guia turístico repleto de estereótipos.
O nova-iorquino, que completou 76 anos recentemente e entrou para história do cinema com "Manhattan" e "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa", reconhece que talvez esses filmes não tenham em seus genes o necessário para realizar uma obra prima.
"O tentei e segurei tentado. Acho que ao longo dos anos fiz bons filmes, alguns normais e outros ruins. Em relação à obra-prima, sempre tento e nunca consigo e, após todo este tempo, começo a pensar que talvez nunca consiga alcançá-lo", afirmou.
Esse aparente destino frustrado parece decepcionar mais à crítica que o próprio Allen, que, por sua vez, diz estar satisfeito com o ritmo que leva.
"Gosto de fazer filmes, de escrevê-los, de ir trabalhar de manhã e estar a cada dia com Penélope Cruz, Naomi Watts e todas as mulheres bonitas com as quais já trabalhei", ironizou o diretor, que diz ser consciente que não dispõe do mesmo nível de "concentração e paciência" que levava Stanley Kubrick à perfeição.
Allen, que volta às telas neste último longa-metragem pela primeira vez em seis anos, admite que quando tem confiança nos atores não necessita nem mesmo entender o que estão dizendo.
"Atores como (Javier) Bardem e Penélope Cruz já eram incríveis antes dos meus filmes e continuarão sendo depois. (...) Em "Vicky, Cristina, Barcelona", eu disse para eles improvisar. Nunca soube o que diziam e nem agora, mas eles são e foram convincentes e isso é o suficiente".
Penélope Cruz, que em seu segundo filme com Allen encarna uma prostituta, é para o cineasta "um presente" e "uma estrela de cinema, muito bonita, muito sexy e, o mais importante de tudo, uma atriz extraordinária".
Após "Para Roma com Amor", o diretor segue seu ritmo frenético, de quase um filme por ano, e já se encontra imerso no próximo, que será rodado em San Francisco. Como ainda não sente vontade de parar, Allen acredita que deverá voltar à Europa no futuro, ou ir à América Latina, Rússia e China, ou seja, onde sua próxima ideia nascer. EFE