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Você talvez ainda vá se alimentar de kelp, um tipo de alga marinha; saiba mais

Para os humanos, ela tem altas concentrações de potássio, magnésio e iodo e muitas vitaminas

Kelp é um tipo de alga marinha  (Amr Alfiky/The New York Times)

Kelp é um tipo de alga marinha (Amr Alfiky/The New York Times)

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Daniel Salles

Publicado em 23 de janeiro de 2021 às 06h00.

Nos últimos anos, membros da comunidade alimentar e ambientalistas estiveram de olho na kelp, um tipo de alga marinha, como o futuro da comida.

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Para os humanos, ela tem altas concentrações de potássio, magnésio e iodo e muitas vitaminas. Para a Mãe Terra, não requer irrigação, pesticidas ou fertilizantes, como muitas culturas terrestres exigem.

"A kelp é parte central da nova culinária climática", disse Bren Smith, de 48 anos, fundador da organização sem fins lucrativos GreenWave, que promove a agricultura oceânica regenerativa, tipo de agricultura que deliberadamente melhora a saúde do local de cultivo. (Aviso aos chefs: esse é um ingrediente com forte umami, versátil em sua aplicação culinária.)

Michael Doall, de 53 anos, cientista marinho e diretor associado de restauração de bivalves na Escola de Ciências Marinhas e Atmosféricas da Universidade de Stony Brook, explicou que a kelp absorve o excesso de nitrogênio, mitigando "a quantidade de algas prejudiciais". Segundo ele, as algas marinhas protegem fazendas e litorais absorvendo a "energia das ondas".

Parece a situação ideal, certo? Então por que a kelp está levando tanto tempo para se popularizar no mercado americano?

Bren Smith, o fundador do GreenWave, e Casey Emmett, CEO do projeto Crop (Amr Alfiky/The New York Times)

Alguns estão apostando que isso está para acontecer. Há cinco anos, Lia Heifetz, de 30 anos, fundou a Barnacle Foods com Matt Kern, de 34, em Juneau, no Alasca. Capitalizando um tipo regional de algas marinhas usadas na alimentação no estado há gerações – a bull kelp –, a dupla começou a fazer molhos e picles.

Há também a recém-fundada Eat More Kelp, no leste de Long Island, no estado de Nova York, que oferecerá o cultivo de algas apoiado pela comunidade. A empresa introduziu uma linha de roupas em parceria com a Patagonia para despertar o interesse pela marca e pela cultura.

Bri Warner, de 36 anos, é a executiva-chefe da Atlantic Sea Farms, empresa em Saco, no Maine, que cultiva a kelp, em conjunto com agricultores do estado, e a transforma em produtos comestíveis.

Segundo Warner, no último ano e meio a Atlantic Sea Farms conseguiu aumentar a produção de algas de 13.600 kg para 450 mil kg. "Quando ouço coisas como: 'A indústria de algas marinhas não está crescendo', fico tipo: 'Ah, é?'", contou ela.

Algumas das parcerias de destaque da empresa incluem a Daily Harvest e a Sweetgreen.

Markos Scheer, de 52 anos, executivo-chefe da Seagrove Kelp Co., planeja expandir sua produção no Alasca "tão rapidamente quanto o mercado permita". Ele tem 283 hectares aguardando autorização, além dos 127 que já estão em plena produção.

"Todo mundo coloca o carro na frente dos bois", disse Casey Emmett, de 36 anos, executivo-chefe da Crop Project, empresa que compra algas marinhas de agricultores e depois as seca e refina para o uso em alimentos, fertilizantes e biomateriais, como plástico.

Ele informou que, no ano passado, a Crop Project, em conjunto com a GreenWave, conseguiu colher 2.200 quilos de kelp durante os meses de pico da pandemia, que secaram em um celeiro de tabaco.

Casey Emmett, o CEO do projeto Crop (Amr Alfiky/The New York Times)

Smith, da GreenWave, afirmou que, antes da pandemia, a intenção era processar a alga para cozinhas comerciais. "Não queríamos processar em lugares muito apertados", disse. Então, descobriu que Connecticut tinha quase cem celeiros de tabaco vazios: "Nunca desperdicei uma crise."

Segundo Emmett, agora é o momento em que os consumidores dos EUA provavelmente começarão a ver mais produtos de algas, por causa de uma infraestrutura bem desenvolvida: mais agricultores de kelp na água, mais usinas de processamento, e abordagens inovadoras para a secagem e o preparo (como o uso dos celeiros de tabaco inativos).

O problema, de acordo com Smith, é que a kelp requer ampla infraestrutura para prepará-la para o mercado. Ele explicou que a produção se dá em três etapas: a colheita, o processo inicial para estabilizar a kelp e o processo secundário de transformá-la para o consumo.

Ela precisa ser levada em sua forma bruta para um processador até 12 horas depois da colheita, e então convertida em algo mais estável: um ingrediente seco, em pó, branqueado ou congelado. Por fim, a kelp estabilizada deve ser transformada novamente, dessa vez em algo que os consumidores possam comer. Smith usou o exemplo dos hambúrgueres de kelp.

Smith e outros defensores de longa data da kelp esperam que mais infraestrutura signifique que a alga possa finalmente ter seu momento como um superalimento popular.

O mais importante, observou ele, é que investir em kelp é uma parte instrumental das iniciativas de sustentabilidade alimentar. "É para onde o planeta precisa ir", observou.

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