Picasso: para quem tem familiaridade com o mercado multibilionário de Picasso, ainda que superficialmente, as estimativas parecem quase absurdamente baixas (foto/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de abril de 2017 às 17h21.
Nova York - Quando Pablo Picasso faleceu em 1973, deixou uma parte de seu patrimônio para a neta, Marina Picasso. A herança incluía a La Californie, uma colossal quinta de cor branca no sul da França, além de milhões de dólares em obras de arte.
A neta começou a vender parte dessas obras de arte, mais notadamente no leilão "Picasso in Private", realizado em fevereiro de 2016 na Sotheby’s de Londres, que lhe rendeu 12 milhões de libras (US$ 15,4 milhões).
No dia 18 de maio, Marina Picasso irá leiloar outras 111 obras de arte do avô na Sotheby’s de Nova York, com o valor das vendas estimado entre US$ 3,3 milhões e US$ 4,7 milhões.
O leilão oferecerá 64 obras em papel e 47 objetos de cerâmica, todos com temáticas de pessoas ou animais. Nesse caso, as vendas são estimadas entre US$ 5 mil e US$ 120 mil.
Para quem tem familiaridade com o mercado multibilionário de Picasso, ainda que superficialmente -- um de seus quadros foi vendido recentemente por US$ 179 milhões --, essas estimativas parecem quase absurdamente baixas, especialmente considerando que as obras vêm diretamente do próprio estúdio do artista.
Mas, segundo Scott Niichel, chefe-adjunto de vendas diárias para arte impressionista e moderna, a casa de leilões tem suas razões.
A primeira razão é que muitas dessas obras de arte são estudos ou experimentos e, portanto, não têm uma estética que imediatamente grite "Picasso".
"Em alguns casos, a menos que você seja um grande conhecedor da trajetória de sua carreira, você pode não reconhecer imediatamente que essas obras são Picassos", disse Niichel, destacando que outras obras são "bastante icônicas".
Mas os lotes não icônicos podem afastar alguns colecionadores. Um exemplo é uma aquarela de um peixe, de 1914, que, segundo Niichel, é uma de suas favoritas.
Sua estimativa: de US$ 5 mil a US$ 7 mil, ou quase o equivalente a uma passagem aérea em classe executiva de Nova York a Londres. Pintada no auge do período cubista, "é um tipo muito realista de representação", disse.
"Obras como esta são uma aberração em comparação com [as obras pelas quais] ele é mais conhecido."
Outro grande obstáculo é que, embora a maioria das obras esteja datada, muitas delas não possuem a preciosa assinatura de Picasso, o que poderia diminuir os preços, reconhece Niichel.
Da mesma forma, "em muitos casos, como nas obras em papel, as datas estão no verso das folhas e não na frente", disse, um potencial fator desestimulador para colecionadores endinheirados.