Pablo 1. Max Jacob: primeiro volume da série (Reprodução)
Da Redação
Publicado em 11 de fevereiro de 2012 às 09h23.
Paris - Os primeiros anos de Picasso em Paris, impregnados de boêmia, mulheres, tragédia e pincéis, chegam às livrarias francesas em uma série de quatro volumes de histórias em quadrinhos assinados pelo desenhista Clément Oubrerie e pela roteirista Julie Birmant.
Lançada pela editora Dargaud, a série de quadrinhos, que recria as vivências do pintor entre 1900 e 1912, estreia com 'Pablo 1. Max Jacob' e recupera as lembranças de Fernande Oliver, uma modelo que posava para alguns dos artistas instalados em Paris no início do século XX e que se transformou no primeiro grande amor de Pablo Picasso (1881-1973).
'Trata-se também do resgate de uma época de esplendor e do célebre bairro de Montmartre, a colina onde fica a basílica do Sagrado Coração e onde ficavam muitos dos artistas que desfilaram por Paris há um século', explicou à Agência Efe Julie Birmant, que vive a poucos metros de onde Pablo Picasso tinha seu estúdio.
'Todas as manhãs passo pelo local onde ficava sua casa para levar a minha filha ao colégio. Também passo pelo café onde se reuniam os anarquistas espanhóis', comentou a roteirista e responsável pelo projeto, que escolheu Oubrerie para ilustrar a série porque seus desenhos tinham 'uma espécie de nudez' que encaixava com a história que queria publicar.
As tirinhas da série compõem o perfil de um Picasso enérgico e ambicioso, fascinado pela Paris das exposições universais e pelas mulheres da 'Belle Époque'.
'Era complicado evocar a Picasso em história em quadrinhos porque é proibido retomar suas obras. Finalmente, essa limitação me permitiu encontrar uma via paralela e trabalhar cada tirinha como um pequeno quadro', resume Oubrerie, o desenhista da série.
Em 87 páginas de tirinhas cheias de ímpeto e com uma tiragem de 37 mil exemplares, o volume inaugural da série relata a chegada do gênio espanhol a Paris. Na época, Picasso tinha apenas 20 anos e era acompanhado de seu íntimo amigo e também pintor Carlos Casagemas, com quem compartilharia um estúdio no número 49 da rua Gabrielle.
Um ano depois, Casagemas se suicidaria com um tiro na cabeça, após ter tentado assassinar Germain, uma dançarina do cabaré 'Le Moulin Rouge' com quem mantinha uma relação.
Aquele drama marcou profundamente ao gênio cubista, que derivou então sua escala cromática e inaugurou o 'período azul', que se estenderia até 1904.
A história em quadrinhos, que não se priva de ilustrar os incontáveis romances de Picasso, detalha como a morte de Casagemas desordenou o artista, que pintava obsessivamente enquanto não estava entre amantes e garrafas de álcool.
'O que chama atenção em Picasso é sua capacidade de mudar de registro. Nesta série, eu fiz o mesmo, utilizando tanto o lápis como o carvãozinho, a tinta e a aquarela. Representei de maneira um pouco iconoclasta, mas ao mesmo tempo abstrato, sempre fazendo com que de forma alguma fosse reconhecível', acrescentou Oubrerie.
Poucos meses depois a morte do amigo, Picasso apresentava sua primeira exposição e chamava a atenção do público na galeria que frequentava o prestigiado Ambroise Vollard, retrata a história em quadrinhos.
Aquela mostra de 25 de junho de 1901, a qual o pintor terminou uma centena de quadros em um mês, também marca o início de sua relação com o crítico de arte Max Jacob.
Jacob, que dá nome ao primeiro título do romance gráfico, refugiou Picasso quando o artista já estava com fama de 'poeta maldito'. Nesta ocasião, em 1904, o amor de Fernanda entra na vida do pintor espanhol, que já se encontrava instalado em seu célebre estúdio Bateau-Lavoir, em Montmartre.
Esse também é o momento que conclui 'Pablo 1. Max Jacob', que terá continuidade nos três livros dedicados a outros três grandes amigos do artista, o literato Guillaume Apollinaire, a escritora Gertrude Stein e o pintor Henri Matisse.
O romance gráfico de Picasso, que será publicado em espanhol em 2013, não é a única biografia em história em quadrinhos. Isso porque, a temporada literária na França também recebeu obras sobre 'Virgínia Woolf', de Michèle Gazier e Bernard Ciccolini, e 'Freud', de Corinne Maier e Anne Simon. EFE