Cantores se apresentam durante ensaio com figurino da ópera "Charlotte Salomon", de Marc-Andre Dalbavie (Leonhard Foeger/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de julho de 2014 às 21h36.
Salzburgo - A artista judia nascida em Berlim Charlotte Salomon deixou para trás um rastro de aquarelas e texto que ela chamou de "Vida? ou Teatro?" antes de ser morta em Auschwitz em 1943, grávida, aos 26 anos.
A vida de Charlotte, que inspirou filmes, peças de teatro e um musical, foi transformada em uma ópera que mergulhou nas profundezas da emoção humana em sua estreia nesta segunda-feira no Festival de Salzburgo, na Áustria.
Com música do compositor francês Marc-Andre Dalbavie, encenado pelo diretor suíço Luc Bondy e texto da autora alemã Barbara Honigmann, que usou 85 por cento do próprio texto de Charlotte, o trabalho era a ópera mais esperada da temporada no prestigiado festival na cidade de Mozart.
E não decepcionou. Embora um grupo de nazistas uniformizados tenha aparecido em momentos estratégicos, como um lembrete do fim inevitável, a ópera concentrou-se mais nos difíceis problemas emocionais e intelectuais que a artista enfrentou.
Ela só soube tardiamente que sua mãe havia cometido suicídio pulando de uma janela do terceiro andar, e era assombrada por uma história familiar de suicídio.
Seu primeiro amor, que a tratava mal, era um treinador vocal que ela e sua madrasta compartilhavam como parceiro. "Você me joga migalhas... e eu sou sua cachorra", diz Charlotte sobre ele.
Por duas vezes - no início e no final - ela diz que tem pesadelos em microcosmo que, no mundo real, são "jogados fora em macrocosmo".