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Venda de maconha aumenta nos Estados Unidos devido à quarentena

Nos estados onde a venda é legalizada, crescimento é maior entre as mulheres e a geração Z

Maconha vendida em potes em loja na Califórnia: aumento nas vendas (Mario Anzuoni/Reuters)

Maconha vendida em potes em loja na Califórnia: aumento nas vendas (Mario Anzuoni/Reuters)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 24 de março de 2020 às 12h34.

Última atualização em 24 de março de 2020 às 16h03.

Em Portland, cidade que disputa o título de capital hipster americana com Austin e São Francisco, o consumo de maconha é permitido tanto para uso recreativo como medicinal. Lojas conhecidas como dispensários, com fachadas discretas ou com a folha da cannabis junto a algum logo, vendem o produto selecionado por tipo, indica ou sativa, com diferentes concentrações de THC e CDB. Qualquer pessoa pode comprar, apresentando o Social Security Number, que funciona como cédula de identidade, ou o passaporte.

Junto a cada tipo de maconha, disposta em balcões de vidro como em uma farmácia, estão discriminados os efeitos mais comuns: aumento de apetite, de sono, vontade de rir, e por aí vai. Por lá, o que tem se visto em tempos de quarentena por coronavírus é um aumento da venda do produto. De acordo com dados da Headset, empresa de análise de mercado de cannabis, o estado do Oregon, ao qual pertence a cidade de Portland, registrou um aumento de 75% nas vendas na semana passada em relação à anterior, com um tíquete médio de 43 dólares, contra 32 dólares no período anterior.

Outros estados americanos registraram movimento semelhante nos mesmos períodos avaliados. Na Califórnia, um estado também considerado liberal nos costumes, houve um aumento de 159% das vendas. Em Washington, o crescimento registrado foi de 100%, com um gasto médio de 33 dólares por consumidor, 22% a mais do que na semana anterior. Até no Colorado, estado mais próximo do pensamento conservador, o aumento foi de 46%.

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Plantação de cannabis nos Estados Unidos: produto considerado essencial em tempos de quarentena (Dave Chan/The New York Times)

A Headset levantou os dados de vendas de cannabis por gênero e por geração. As mulheres estão à frente. Enquanto os homens foram responsáveis por um aumento de 15,6%, entre elas esse índice foi de 31,7%. Entre as faixas etárias, apenas entre os baby bommers houve redução de compra, de menos 2,1%. As vendas cresceram principalmente entre a geração Z, jovens que nasceram entre meados da década de 90 e início dos anos 2000, em 42,1%. Entre a geração X, adultos nascidos entre os anos 60 e final dos 70, o aumento foi de 34,5%. E entre os millenials, de 29,2%.

Nesses tempos de quarentena, uma discussão tomou conta dos Estados Unidos: lojas de venda de cannabis podem ser considerados serviço essencial, como supermercados? Muitos pacientes consomem medicamentos à base de cannabis, mas há também o uso recreativo. A maior parte dos estados considera que sim, que a cannabis é um item tão essencial quanto pãe e leite, como mostra esta reportagem do The New York Times.

Os próximos dias podem registrar uma mudança nos números de vendas da cannabis. Em estados como Califórnia e Nevada, onde fica a cidade de Las Vegas, a ausência de turistas nas ruas pode resultar em declínio das vendas. Outro fator que terá de ser levado em conta são os estoques. Com a produção comprometida pela quarentena, a oferta poderá cair. Como em tantos segmentos da economia, são questões ainda sem resposta.

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