"Trama Fantasma": indicado a melhor filme, direção, ator, atriz coadjuvante, trilha original e figurino (Laurie Sparham/ Focus Features, LLC./Divulgação)
Reuters
Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 17h14.
São Paulo - Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país nesta quinta-feira:
"TRAMA FANTASMA"
- Em seu oitavo longa, indicado a seis Oscars (melhor filme, direção, ator, atriz coadjuvante, trilha original e figurino), o diretor norte-americano Paul Thomas Anderson retrata um estilista obcecado pela perfeição (Daniel Day-Lewis) que persegue, em cada vestido, uma superação pessoal.
Há um romance na trama, intensamente dark, quase um duelo, a princípio desigual, entre o poderoso estilista Reynolds Woodcock (Day-Lewis) e a ex-garçonete Alma (Vicky Krieps). Um caso que começa, para ele, como todos os outros, com seu envolvimento com uma mulher que ele transforma em modelo de suas criações, musa, amante e, finalmente, descarta.
O intrincado funcionamento desta teia emocional, tanto quanto da Casa Woodcock, a preferida entre ricas e famosas na Londres de 1950, é manejado pela irmã de Reynolds, Cyril (Lesley Manville), a única mulher que o faz eventualmente abaixar o olhar. Assim, ao ocupar seu novo lugar na casa, Alma tem que enfrentar não um, mas dois Woodcocks. Nada indica que esteja preparada, mas ela surpreende.
"A GRANDE JOGADA"
- Molly Bloom (Jessica Chastain) sempre levou uma vida de alto risco. Por pressão do pai dominador, o psicólogo Larry Bloom (Kevin Costner), quando garota foi levada a competir como esquiadora free style. Apesar de um problema de coluna, uma cirurgia a recolocou nas competições, até que um acidente numa prova qualificatória para as Olimpíadas enterrou sua carreira esportiva.
Longe das pistas geladas, em Los Angeles, ela descobre uma insuspeita vocação como organizadora de mesas de pôquer, capazes de atrair celebridades de Hollywood, financistas e herdeiros diversos.
Escrito por Aaron Sorkin, experiente roteirista vencedor de um Oscar por "A Rede Social" (2011), aqui estreando na direção e novamente indicado ao Oscar de roteiro adaptado, o filme não tira todo o partido possível do trunfo de ter à frente do elenco uma atriz carismática como Jessica Chastain.
A partir de certo momento, o enredo se divide entre o drama familiar e o drama de tribunal, quando finalmente o FBI enquadra a moça pela participação de mafiosos russos em jogos organizados por ela, o que a coloca na dependência de um advogado, Charlie Jaffey (Idris Elba) - que tenta provar que ela não sabia de nada.
"PEQUENA GRANDE VIDA"
- Não se pode nem dizer que a comédia "Pequena Grande Vida" seja uma ideia mal-executada, porque, a priori, nem uma premissa muito boa o filme tem: pessoas relativamente sem dinheiro aceitam tornar-se minúsculas, vivendo num mundo diminuto onde podem realizar seus sonhos de consumo porque tudo é mais barato.
Diretor de filmes como "Os Descendentes" (2011) e "Nebraska" (2013), Alexander Payne aqui parece estar encantado demais com o conceito deste novo enredo para perceber suas inúmeras limitações. Matt Damon interpreta o protagonista, Paul Safranek, um fisioterapeuta que resolve submeter-se ao encolhimento junto com sua mulher, Audrey (Kristen Wiig). Obviamente, nem tudo sai como planejado, mas ele precisa aceitar a nova vidinha.
Em sua crítica social ingênua, o filme retrata um mundo em miniatura que reproduz os padrões sociais do nosso de tamanho normal. A conclusão é óbvia: a dinâmica de exploração social não muda, independentemente do tamanho das pessoas. Mas são necessários 135 dolorosos minutos para se "descobrir" simplesmente isso.
"MINHA AMIGA DO PARQUE"
- Liz (Julieta Zylberberg) está precisando de uma amiga. Sua mãe morreu quando a moça estava grávida e o marido documentarista passa a maior parte do tempo viajando. Assim, sozinha, ela cuida do filho de meses. Eis que surge, num parque, Rosa (Ana Katz) numa situação um tanto parecida, com uma bebê no colo, mas de uma classe social levemente inferior.
Dirigido por Ana Katz, "Minha Amiga do Parque" é um estudo da dinâmica que une e separa pessoas. Liz é ingênua, ou muito necessitada de uma amiga, para tornar-se tão próxima da outra, embora os sinais, e outras colegas de parque, sempre alertem que seria melhor não dar muito espaço a Rosa.
O filme arma a relação entre as duas, mas não se aprofunda nas personagens, deixando claro porque essa amizade persiste. As atuações são empenhadas e há uma insistência em sublinhar as diferenças de classe. Ainda assim, às vezes, insinua-se uma certa ingenuidade, embora se construa habilmente uma tensão constante.
"PAULISTAS"
- Neste documentário, que marca sua estreia em longas, o diretor Daniel Nolasco revisita a região onde passou a infância, no sul de Goiás, para reconstituir um modo de vida em transformação.
Na década de 1970, a paisagem local era constituída de pequenas fazendas voltadas para a agricultura de subsistência. Dez anos depois, chega a soja, cujo cultivo leva à compra de terras por latifundiários, proporcionando um êxodo de parte da população para cidades como Catalão, Paulistas e Soledade.
A década de 1990 intensifica essa implantação de um modelo de agricultura voltada à exportação, ao lado da criação de gado. Como reforço às mudanças, constrói-se uma hidrelétrica para atender às necessidades crescentes de energia.
Todo esse processo é acompanhado de um esvaziamento praticamente total de jovens nas redondezas, que se deslocaram para as zonas urbanas. Somente em períodos de férias é que eles retornam à região, em visita aos familiares que restaram.
(Por Neusa Barbosa e Alysson Oliveira, do Cineweb)
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