Animação da Pixar, Viva (Pixar/Divulgação)
Reuters
Publicado em 5 de janeiro de 2018 às 11h01.
SÃO PAULO (Reuters) - Veja um resumo dos principais filmes que estrearam nos cinemas do país nesta quinta-feira:
Vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2017, o drama do diretor sueco Ruben Östlund ("Força Maior") é um primor de composição e ritmo ao abordar alguns dos mais importantes temas contemporâneos.
Seu protagonista é Christian (Claes Bang), um poderoso curador de um grande museu em Estocolmo. Christian tem poder e gosta de usá-lo neste universo dominado por tendências abstratas e grandes patrocinadores. A partir de um incidente comum, tudo muda. O curador é assaltado, mediante um golpe na rua. Rastreando a localização de seu celular num prédio num bairro distante, ele segue um plano mirabolante de um jovem subordinado, Michael (Christopher Laesse), para recuperar os itens roubados.
Esta sua incursão fora do figurino do bom senso e do politicamente correto serve para que a história comece a expor as rachaduras de um mundo insensível e comprometido apenas com sua própria lógica --e não serão por acaso os diversos encontros do curador com mendigos pelas ruas elegantes de Estocolmo.
Em sua nova animação, a Pixar mergulha na cultura mexicana, tendo ao centro o Dia dos Mortos, quando as famílias se reúnem para homenagear os entes que já morreram. O protagonista é Miguel, um garoto que sonha em ser cantor num clã no qual a música é proibida.
O menino desafia essa tradição familiar e acaba "do outro lado da vida",descobrindo como os mortos lidam com o seu dia e a importância das homenagens. Miguel pretende reencontrar seu ancestral, uma celebridade no mundo dos vivos e no além e, com a ajuda dele, voltar à vida. Num pastiche cultural - de Frida Khalo a lutadores e a Era de Ouro do Cine Mexicano -, o filme se transforma numa celebração da vida e da descoberta da identidade.
Com um colorido vibrante, um humor e uma ressonância emocional típicos dos filmes do estúdio, "Viva" está entre os melhores filmes da Pixar, provando que suas animações estão à frente de muitas produções --animadas ou não-- produzidas atualmente em Hollywood.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes 2017, o drama de Robin Campillo resgata um dos maiores pesadelos dos anos 1980 e 1990, a epidemia de Aids. Em meio à indiferença das autoridades e laboratórios, e sua lentidão em oferecer respostas eficazes a uma doença que matava diariamente muitas pessoas, levantaram-se, entre outros, os ativistas da seção francesa da organização Act Up.
Promovendo ações espetaculares, invadindo reuniões governamentais e convenções médicas para chamar a atenção pública, o grupo discute suas estratégias mas vive também seus dilemas internos. Um dos ativistas mais aguerridos, Sean (Nahuel Pérez Biscayart), envolve-se com outro colega, Nathan (Arnaud Valois). A paixão entre os dois materializa o risco daqueles tempos, ainda mais porque Sean é HIV positivo, carregando um vírus para o qual não se tinha então qualquer medicação eficiente - as poucas existentes provocavam severos efeitos colaterais.
O novo "Jumanji" não é um remake do clássico infanto-juvenil dos anos de 1990 nem propriamente uma continuação. Dirigido por Jake Kasdan, o filme é uma espécie de reinvenção do anterior para a juventude do século XXI - o que inclui redes sociais e videogames.
Quatro adolescentes ligeiramente problemáticos acabam de castigo na escola, e enquanto limpam um porão, encontram um videogame antigo, tentam jogar e acabam transportados para dentro do jogo. Deste modo, ganham vida nos avatares, que são completamente diferentes deles. O nerd, por exemplo, se transforma num explorador musculoso, vivido por Dwayne Johnson; enquanto uma patricinha acaba "virando" Jack Black.
O filme nem disfarça sua origem de videogame, assim os personagens devem passar para novas fases até salvar o mundo de Jumanji, que está ameaçado, e poderem voltar para casa. Se nos anos de 1990, os efeitos impressionavam, hoje não são nada demais. E a trama mostra-se insuficiente para segurar quase duas horas de filme.
Cinquenta anos depois de sua estreia, a comédia já clássica de Mike Nichols volta ao cinema em cópia restaurada e certamente permite um novo tipo de leitura às sensibilidades do século XXI. Na trama, o jovem formando Ben (Dustin Hoffman) não tem ideia do que fazer de sua vida e acaba seduzido pela mulher do sócio de seu pai, conhecida como Mrs. Robinson (Anne Bancroft). "Mrs. Robinson", aliás, é o nome da canção, composta por Paul Simon e interpretada por ele e Art Garfunkel que ficou famosa com o filme.
O comportamento predador hoje ganha um novo olhar, mas também é possível um certo tipo de simpatia com a personagem feminina, que não era muito comum nos anos 1960. Os anseios e desejos dela foram sufocados por uma sociedade muito mais patriarcal do que a nossa.
Tudo se complica quando Ben se envolve com a filha dos Robinson, a jovem Elaine (Katherine Ross). O romance com ela pode significar um futuro mais livre, um avanço na geração deles, mas também a mesma estagnação da vida suburbana da geração dos pais deles.
(Por Neusa Barbosa e Alysson Oliveira, do Cineweb)
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