As cinco variedades do leite vegano da Nude. (Divulgação/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 06h00.
É uma história que começa em Berlim, onde vivia, até há pouco, o casal formado pela consultora de moda Giovanna Meneghel e o administrador Alexander Appel. Na capital alemã, uma das Mecas dos veganos, ela adotou uma alimentação mais saudável e constatou o tremendo sucesso na cidade dos leites vegetais à base de aveia. “São mais procurados que os de soja”, diz ela, cuja família, dona da empresa paranaense SL Alimentos, produz aveia há cerca de trinta anos. Não vegana de carteirinha, mas não muito longe disso, ela criou o hábito, por exemplo, de saborear sempre que possível um flat white feito com o leite de aveia. “A cremosidade é outra”, elogia.
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Desnecessário dizer que, de volta ao Brasil em 2019, o casal resolveu mergulhar no mercado de leites vegetais – com a facilidade de ter à mão uma empresa especializada no plantio de aveia. Assim nasceu a Nude. (sim, o ponto faz parte do nome). Instituída em janeiro, a foodtech despeja os primeiros produtos no mercado neste mês, mais exatamente nas redes Natural da Terra, Hortifruti e Super Muffato.
Tratam-se de cinco leites vegetais, obviamente à base de aveia – orgânica. O mais simples, feito só com o cereal mais água e uma pitada de sal, tem preço sugerido de 15,90 reais. O mais sofisticado, acrescido, por exemplo, de óleo de canola, é voltado para o preparo de cafés – custa a partir de 19 reais. Há ainda uma versão com cálcio, uma com baunilha e outra com cacau. Todos são livres de glúten. “Nossos produtos não levam aditivos, nem açúcar”, Appel apressa-se em informar.
A dupla captou 2 milhões de reais com investidores e planeja lançar no começo de 2021 mais dois tipos de produtos veganos com a aveia como base – sorvete, creme de leite e iogurte são alguns dos candidatos.
O ingrediente do qual o casal mais parece se orgulhar, no entanto, é a sustentabilidade. O rótulo de cada leite informa a pegada de carbono deixada ao longo da produção (envolve desde as emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa geradas no campo até as do transporte).
“Nosso primeiro objetivo foi criar um produto que faz bem para o meio ambiente”, diz ela, que exerce o cargo de CEO da Nude. “É uma meta que toda empresa deveria encarar como um dever, em razão da atual situação do planeta e do interesse de muitos consumidores em comprar só produtos sustentáveis”.
A Nude. estima que, se vender 10 milhões de litros de leite nos próximos cinco anos, vai emitir cerca de 3.500 toneladas de CO2. Se optasse por produzir o leite tradicional, de acordo com um estudo assinado pelos pesquisadores Joseph Poore e Thomas Nemecek, emitiria 10.956 toneladas. Ou seja, 7.456 toneladas a mais de CO2, o equivalente a 1.300 voltas de carro ao redor do planeta.