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Vasto armazém de Nova York preserva discos de vinil na era digital

Em uma época dominada pelo streaming e pela efemeridade da mídia digital, lugares como o ARCHive podem ser vitais para preservar cópias

Discos de vinil: armazém de Nova York preserva milhares de discas (SOPA Images/Getty Images)

Discos de vinil: armazém de Nova York preserva milhares de discas (SOPA Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 26 de setembro de 2019 às 18h03.

A agulha cai e a banda 'cult' The Motifs ressoa entre pilhas de discos no armazém úmido que abriga a maior coleção de música pop dos Estados Unidos.

A biblioteca de música privada e independente, conhecida como ARChive of Contemporary Music (Arquivo de Música Contemporânea), em uma rua do bairro de Tribeca, no sul de Manhattan, conta com mais de três milhões de discos, a maioria de vinil e alguns CDs e cassetes, sem falar da vasta coleção de memórias.

"A gente descobre constantemente descobrindo coisas que não conhecia", contou à AFP o co-fundador B. George, de sua mesa escondida atrás das prateleiras.

Em uma época dominada pelo streaming e pela efemeridade da mídia digital, lugares como o ARCHive podem ser vitais para preservar cópias que podem ser a chave para escutar essa música no futuro.

As notícias durante o verão de que cerca de 500.00 discos de lendas como Billie Holiday, Louis Armstrong, Joni Mitchell e Eric Clapton foram destruídos em um incêndio de 2008 na Universal Studios reforçaram a importância de proteger as cópias físicas.

Alguns dos trabalhos perdidos incluem gravações mestres, a matéria-prima para reedições lucrativas e lançamentos póstumos.

Embora nada possa substituir um mestre perdido, George disse que as gravadoras pediram seus arquivos para escutar as versões mais próximas do original possível.

Dois discos de uma reedição da falecida estrela nigeriana Fela Kuti, por exemplo, foram feitos de vinil pertencentes ao ARCHive.

"Tentar manter uma coleção intacta é muito importante", afirmou George.

Placa estrelada

George iniciou o arquivo em 1985, quando a área estava apenas começando a atrair artistas ansiosos por colonizar os antigos armazéns atrás dos preços baixos.

Em certo momento, o arquivo teve 125.000 LPs de rock clássico - aproximadamente 1.500 deles de artistas como Jimi Hendrix -, que estavam em uma casa em Boston, que foi condenada depois que se descobriu que estava literalmente afundando sob o peso do vinil.

Ao contrário da reputação esnobe frequentemente atribuída a colecionadores e curadores, o ARCHive recebe essencialmente tudo relacionado à música pop - que a define como "não clássica" - de braços abertos.

E conta com a filantropia para pagar o aluguel sempre crescente em uma das áreas mais caras do país, especialmente de músicos famosos.

Entre os primeiros apoiadores estava a artista de vanguarda Laurie Anderson - que George apresentou a seu futuro marido, Lou Reed - e Nile Rodgers, conhecido por hits como "Le Freak", de seu grupo disco Chic, cuja partitura original está no ARCHive.

Os atuais membros do conselho incluem Rodgers, Richards, Youssou N'Dour, Martin Scorsese e Paul Simon, enquanto Reed e David Bowie são eméritos.

Hoje, a gigantesca coleção - mantida por George e diversos voluntários e estagiários - é utilizada principalmente para pesquisas da indústria fonográfica, além de cineastas e pesquisadores.

O Museu do Grammy, por exemplo, precisou uma vez de 3.000 discos e capas para gráficos, e pediram à George.

"Você pode vir até nós e dizer que precisa de 3.000 coisas em duas semanas, e há uma boa chance de termos quase todas", afirmou ele.

No entanto, mesmo que George veja a preservação do físico como uma tarefa vital, acredita que "tudo é fugaz" diante do risco de um desastre.

O ARCHive está trabalhando com o Internet Archive, sem fins lucrativos, com sede em São Francisco, para começar a digitalizar e manter "o máximo de coisas em tantos lugares quanto possível".

De acordo com George, aproximadamente 130.000 discos de 78rpm - vinis frágeis geralmente feitos de resina de goma-laca, populares até meados do século 20 - foram digitalizados até agora e estão disponíveis para transmissão online gratuita.

"Bibliotecas queimam", afirmou. "Realisticamente, em 5.000 anos tudo isso será poeira".

"Você faz o seu melhor, espera que a migração aconteça, que chegue ao próximo estágio, que chegue na próxima maneira de ser preservado, mas é imprevisível".

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