Valentino Garavani. (Fred Duval/Getty Images)
Repórter de Casual
Publicado em 27 de julho de 2023 às 17h01.
Última atualização em 27 de julho de 2023 às 20h37.
O grupo Kering anunciou hoje, quinta-feira 27, a compra de 30% de participação da Valentino, por 1,7 bilhão de euros. O acordo inclui uma opção para a Kering adquirir 100% do capital social da Valentino até 2028. A transação faz parte de uma parceria estratégica mais ampla entre a Kering e o fundo do Catar Mayhoola.
O negócio poderia levar a Mayhoola a se tornar acionista da Kering. Fundada em Roma em 1960 por Valentino Garavani, a Valentino é uma das empresas mais reconhecidas internacionalmente.
Atualmente, a LVMH, maior concorrente da Kering, apresenta forte crescimento. No primeiro trimestre do ano, o conglomerado liderado por Bernard Arnault registrou receita de 21 bilhões de euros - alta de 17% em relação ao ano anterior. Os dados foram impulsionados por vendas fortes na Europa e no Japão, além de ter mantido o ciclo de expansão nos Estados Unidos.
A parceria estratégica entre Kering e Mayhoola apoiará ainda mais a estratégia de elevação da marca implementada pelo CEO da Valentino, Jacopo Venturini, que a transformou em uma das mais admiradas casas de luxo do mundo.
“Valentino é um das maiores autoridades italianas de luxo e estamos muito felizes em receber a Kering como parceira estratégica para o futuro desenvolvimento da Maison de Couture. Sob nossa administração, Valentino fortaleceu seus alicerces como uma marca de luxo altamente desejável e seguiremos reforçando a marca no próximo capítulo com Kering", disse Rachid Mohamed Rachid, CEO da Mayhoola e presidente da Valentino.
Com mais de seis décadas de história, a Valentino desenvolveu uma atraente oferta de prêt-à-porter, artigos de couro e acessórios. Hoje, a marca italiana tem 211 lojas operadas diretamente em mais de 25 países e registrou receita de 1,4 bilhão de euros e Ebitda recorrente de 350 milhões de euros em 2022.
A Kering se tornará um acionista significativo com representação no Conselho e a Mayhoola continuará a ser o acionista majoritário com 70% do capital social. Espera-se que a transação seja concluída até o final de 2023.
“Estou impressionado com a evolução da Valentino sob propriedade da Mayhoola e muito feliz que a Mayhoola tenha escolhido a Kering como sua parceiro para o desenvolvimento da Valentino, uma casa italiana única que é sinônimo de beleza e elegância. Estou muito satisfeito com este primeiro passo em nossa colaboração com Mayhoola para desenvolver Valentino e seguir a fortíssima jornada estratégica de elevação da marca que Jacopo Venturini continuará a liderar", diz François-Henri Pinault, presidente e CEO da Kering.
Após a ruidosa saída de Alessandro Michele da Gucci, a marca italiana anunciou no início do ano que o substituto seria Sabato de Sarno, uma figura desconhecida para o público que acompanha o universo da moda.
Sarno era assistente de Pierpaolo Piccioli na Valentino. Ele liderava a divisão do chamado ready to wear masculino e feminino. Apesar de sempre presente nos eventos da marca, é bastante discreto. Basta dizer que sequer tem conta aberta do Instagram.
Nos quatro anos em que ficou no cargo Michele, conseguiu criar apelo para as novas gerações ao aproximar a vestimenta da música e do universo das ruas. Em 2015, ano em que entrou, a marca faturou 3,9 bilhões de euros.
Em 2022 esse número deverá ficar em 10 bilhões de euros, equivalente a dois terços do total do grupo Kering. Michele quebrou paradigmas com uma moda maximalista, uma estética brecholenta cheia de estampas, o oposto do que se considerava seguro até então para uma marca de luxo.