Vai-Vai: rebaixamento da escola mais vencedora da história de São Paulo, com 15 títulos, surpreendeu e promete acirrar uma disputa interna (Amanda Perobelli/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de março de 2019 às 09h05.
Última atualização em 6 de março de 2019 às 09h30.
São Paulo — "Agradecemos por todos nossos integrantes e convidados pelo lindo Carnaval apresentado na Avenida, com grandes chances de trazer para o Bexiga a décima sexta estrela".
Era o post oficial da Vai-Vai no Instagram após o desfile. O rebaixamento da escola mais vencedora da história de São Paulo, com 15 títulos, surpreendeu e promete acirrar uma disputa interna.
https://www.instagram.com/p/Bupu41ggB-Q/
O atual presidente, Neguitão, saiu do sambódromo sem falar com ninguém. O presidente de honra, o histórico Thobias da Vai-Vai, nem desfilou — está brigado com a diretoria.
Ele puxou o último samba da agremiação no ano passado — e amargou um décimo lugar, que já era um dos piores resultados desde o primeiro desfile em 1930.
Nesta terça-feira, 5, a quadra permaneceu fechada após o primeiro rebaixamento, com poucas barracas à frente - até esperando uma possível 16.ª festa — e ninguém falando pela diretoria. Envergonhados, os diretores não atenderam telefonemas nem de pessoas da comunidade.
Representante do Resistência Vai-Vai, Luiz Cabral explica que há quatro anos um grupo luta por maior transparência. "É claro que o rebaixamento é muito triste e inesperado, mas com isso o movimento deve crescer ainda mais", diz o integrante da bateria - que teve todas as notas 10.
Ao se observar a apuração, os principais problemas no desfile sobre O Quilombo do Futuro, que incluiu a lembrança da morte de Marielle Franco, apareceram nos quesitos Comissão de Frente — 9,8, 9,8, 9,7 e 9,7 - e Alegoria — 9,9, 9,9, 9,8 e 9,8.
Com a mudança nos critérios, estabelecendo notas só entre 9 e 10 e o descarte da mínima, a diferença entre as agremiações diminuiu. Assim, esse 1,1 ponto perdido é a diferença entre o último lugar e o vice da Dragões.
Nas ruas do Bexiga, o clima não era de tristeza. "A gente sabe ganhar e perder", disse a componente Suely Santos. "Carnaval é época de alegria, não tristeza. A Vai-Vai é isso e nada nos atingiu", completou Niva Pagliarini, com a camiseta da Velha Guarda.