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Uruguai atrai cada vez mais turistas homossexuais

Setor de turismo do país resolveu investir no nicho e novos hoteís e outros locais foram abertos para atrair os homosexuais

Quem chega ao país se surpreende com a quantidade de atividades que existem em Montevidéu para o público homossexual (Miguel Rojo/AFP)

Quem chega ao país se surpreende com a quantidade de atividades que existem em Montevidéu para o público homossexual (Miguel Rojo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2012 às 13h58.

Montevidéu - O turismo homossexual vive no Uruguai um momento de forte crescimento, impulsionado por empresas que implementam variadas estratégias para seduzir um setor atraente por seu alto poder aquisitivo.

Artigos em publicações internacionais especializadas no turismo gay, hotéis, pousadas ou discotecas "gay friendly" (amigáveis ou tolerantes com os homossexuais) mostram um nicho de mercado que nos últimos anos chamou a atenção de empresários e das autoridades turísticas, que trabalham pelo crescimento de um setor ainda incipiente no Uruguai.

Quem chega ao país se surpreende com "a quantidade de atividades que existem em Montevidéu" para o público homossexual, disse à AFP Juan Pedro López, empresário encarregado do setor "gay friendly" do Conglomerado de turismo de Montevidéu, integrado por empresas públicas e privadas.

"Há três boliches abertos, há sauna, cinemas, pubs, lojas de roupas e estamos apostando na hotelaria", informou. "A agitação é cada vez maior e o ministério percebeu que havia um interesse cada vez mais intenso no setor gay".

Sinal desse interesse, foi a inauguração, no fim de 2011, no exclusivo balneário Punta del Este de um hotel onde os homossexuais são bem vindos, em uma praia nudista que já tinha duas pousadas com ofertas para este público.

Além do desenvolvimento do setor há uma aposta do governo nacional e da intendência de Montevidéu, que há três anos começaram a analisar a possibilidade de implementar políticas específicas para atrair esse setor turístico.

"Há três anos, quando se falava em um campeonato de futebol gay em Buenos Aires começamos a ver que tipo de iniciativa poderíamos adotar para nos relacionarmos com o setor", explicou o diretor nacional de Turismo, Benjamín Liberoff.

Eles entraram em contato com a argentina Gnetwork360, que organiza conferências internacionais de marketing e turismo para o segmento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), e com o governo do país vizinho, cuja capital está entre os primeiros destinos mundiais de turismo gay, para receber assessoramento.

Desde então foram realizados dois seminários e o país começou a se promover como destino "gay friendly" nas feiras de turismo do exterior.


"É ainda um setor reduzido, mas como não temos uma avaliação exata não podemos dizer o quanto é pequeno", destacou Liberoff. "Desejamos que continue crescendo com um percentual maior de empresários vinculados ao setor".

Para ele, "o setor busca no Uruguai o mesmo do que qualquer outro setor": descanso, praia e segurança, exemplificou.

Mas, de fato, um atrativo do turismo LGBT é que "os gastos desse setor às vezes são mais altos" que os do turista médio que visita o país, avaliou.

Segundo López, geralmente o consumo do gay é maior que o do heterossexual. "É solteiro, não tem filhos, não paga colégio, associações. O consumo maior é principalmente de viagens e roupa, mais saídas", considerou, destacando que é um público que antes de tudo busca respeito nos lugares que visita.

Nesse sentido, a aprovação nos últimos cinco anos no país de leis que permitem a união civil de casais homossexuais e a adoção de crianças por parte de casais do mesmo sexo, além da possibilidade da troca de nome e sexo e a entrada de homossexuais às Forças Armadas, refletem um "avanço maior" em matéria de direitos das minorias, considerou López, que acredita que isso influi na chegada de turistas LGBT.

"Avançou muitíssimo. Antes o gay era muito reprimido, agora se sente mais confortável e isso te permite transmitir segurança ao estrangeiro", destacou, alertando, contudo que "ainda há muito trabalho a ser feito", especialmente em matéria de capacitação dos trabalhadores do setor.

"Temos que trabalhar mais nos restaurantes, para que não aconteça - como aconteceu há pouco- a expulsão de dois homens que tinham se beijado. Em Punta del Este isso está superado, mas em Montevidéu ainda falta muito", disse.

Segundo López, os pontos mais visitados do país pelo setor são Colonia (180 km a oeste, em frente a Buenos Aires), Punta del Este e Montevidéu.

"Na Argentina muitos setores (gay) friendly fazem pacotes para o Uruguai - Colonia ou Punta del Este- como parte do passeio a Buenos Aires. Mas também temos cada vez mais turismo brasileiro", informou.

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