Loja da Versace: (John Keeble / Colaborador/Getty Images)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 10 de abril de 2025 às 11h22.
Em uma das semanas mais tensas da história recente dos mercados, desencadeada pelo 'tarifaço' do presidente Donald Trump, o grupo Prada anunciou, nesta quinta-feira, 10, a compra da Versace por aproximadamente 1,4 bilhão de dólares. Andrea Guerra, CEO da Prada, afirmou que, apesar das incertezas que marcam o setor, a grife está mirando o longo prazo e se posicionando para o futuro, mesmo em meio aos desafios globais.
A Capri Holdings havia adquirido a Versace em 2018 por 2,1 bilhões de dólares e agora a vende por um valor abaixo disso. As conversas entre as duas marcas vinham ocorrendo há meses, muito antes de qualquer decisão do governo dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a Prada, que também controla a Miu Miu, enfrenta uma concorrência acirrada com gigantes como os conglomerados franceses LVMH e Kering. A aquisição marca um novo capítulo para a moda de luxo na Itália, sinalizando o desejo da Prada de expandir sua influência no setor.
No entanto, o desafio é grande. Nos últimos três meses, a Versace registrou uma receita de 193 milhões de dólares, uma queda de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita total da marca caiu 19%, para 810 milhões de dólares no ano fiscal encerrado em março. A Prada espera atingir o ponto de equilíbrio até março de 2026, após margens operacionais registrarem um prejuízo de um dígito alto no ano passado.
A guerra fiscal de Trump teve um impacto imediato nas ações da Michael Kors e da Capri Holdings, controladora da Versace, que caíram 36% em uma semana. No entanto, houve uma leve recuperação na quarta-feira, 9, após o anúncio de uma pausa de 90 dias nas tarifas mais altas sobre as importações, exceto a China. A avaliação do mercado é clara: a Prada não queria perder essa oportunidade, mesmo diante da volatilidade do cenário econômico.
"Nosso objetivo é dar continuidade ao legado da Versace, celebrando e reinterpretando sua estética ousada e atemporal. Nossa organização está pronta e bem posicionada para escrever uma nova página na história da Versace, inspirando-se nos valores do grupo e, ao mesmo tempo, continuando a executar com confiança e foco rigoroso", disse Patrizio Bertelli, chairman do grupo Prada e marido de Miuccia Prada, no comunicado oficial sobre a transação.
Em março, Donatella Versace deixou a direção artística da grife e foi substituída por Dario Vitale, que até então estava na Miu Miu, marca do grupo Prada. Esse movimento já indicava a iminente aquisição, trazendo a mesma alavancagem que impulsionou a Miu Miu. O grupo Prada viu suas vendas crescerem 15%, alcançando 5,4 bilhões de euros (cerca de 5,7 bilhões de dólares) no último ano. A expansão foi impulsionada principalmente pelas vendas da Miu Miu, cujas receitas quase dobraram.
Agora, ao unir forças com a Versace, a Prada não apenas fortalece seu império, mas também molda o futuro da moda de luxo italiana, buscando resgatar o brilho da Versace e recolocá-la no caminho da inovação e do sucesso. Afinal, como na alta costura e na própria história da moda, há momentos em que os desafios se tornam os maiores motores de transformação.