Os ex-ciclistas Armstrong e Tyler durante corrida em 2004: Armstrong foi expulso do ciclismo profissional no fim de agosto pela Agência Americana Antidoping (Franck Fife/AFP)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2012 às 10h00.
Londres - O ex-ciclista americano Tyler Hamilton, que foi companheiro de time de Lance Armstrong, explica em um livro o sistema de doping dentro da equipe, especialmente a maneira como se abasteciam de EPO durante a Volta da França, segundo trechos de um livro publicados nesta quarta-feira pelo jornal britânico The Times.
Hamilton e Armstrong tinham "dois anos de vantagem sobre o que faziam os outros em termos de doping", afirma o ex-ciclista da equipe US Postal no livro "In The Secret Race. Inside the Hidden World of the Tour de France: Doping, Cover-ups and Winning at All Costs" (Na Corrida Secreta. Dentro do Mundo Oculto do Tour de France: Doping, Disimulações e Vencer a Qualquer Preço).
Hamilton, de 41 anos, ajudou Armstrong em suas vitórias na Volta da França de 1999, 2000 e 2001, as três primeiras das sete obtidas pelo texano.
Ele acusa Armstrong de ter elaborado um sistema de abastecimento de EPO (eritropoietina) durante o Tour, com o auxílio de um jardineiro jovem chamado de "Philippe", responsável por entregar o hormônio, chamado de "Edgar" no código secreto utilizado.
"Estávamos na cozinha de Lance quando ele explicou o plano: pagaria a Philippe para seguir o Tour com sua moto, levando garrafas térmicas cheias de EPO e um telefone pré-pago", explica Hamilton, que já havia feito acusações e revelações similares ano passado em uma entrevista ao canal americano CBS.
"Quando precisávamos de Edgar (EPO), Philippe entrava na caravana do Tour para uma entrega expressa", continua.
"Simples. Rápido. Uma ida e volta. Risco zero. Como medida de discrição, Philippe só abastecia os escaladores, aqueles com mais necessidade e os que desse mais retorno ao investimento: Lance, Kevin Livingston e eu", escreve.
Armstrong foi expulso do ciclismo profissional no fim de agosto pela Agência Americana Antidoping, que também retirou suas sete vitórias na Volta da França, por infringir as regras antidoping.