Quadrinista Maurício de Sousa, criador da "Turma da Mônica". (Lailson dos Santos/Divulgação)
Agência O Globo
Publicado em 27 de outubro de 2021 às 18h59.
Última atualização em 27 de outubro de 2021 às 19h00.
O quadrinista Mauricio de Sousa, de 86 anos, diz que está preparando um personagem gay para as suas famosas histórias da Turma da Mônica. Nos últimos anos, ele tem trabalhado para que sua turminha tenha maior diversidade. Por exemplo, a personagem negra Milena, criada em 2019, e que ele avalia como a que mais estourou no lançamento. Sobre o tema da homossexualidade, ele reconhece, no entanto, que avalia o cenário brasileira e avalia com roteiristas como isso será feito.
"Vem vindo aí… Estou esperando um pouquinho que esteja cada vez mais aceita a posição do gay, principalmente. Eu tenho um filho, bem, que se assume (homossexual) e eu adoro meu filho (Mauro Sousa, diretor de espetáculos, parques e eventos da Mauricio de Sousa Produções). Ele cuida de uma parte tão importante (da empresa), que é a de shows e espetáculos. E dá um nó no pessoal que já tem mais idade e mais experiência", contou ele, em entrevista a BBC News Brasil.
Na entrevista ao portal, o quadrinista recordou de quando Mauro lhe contou sobre a sua sexualidade.
"Eu acho que (para ele também foi natural), pelo que ele falou. Ele se abriu comigo também. E nos entendemos muito bem, sempre. Com meus filhos eu me entendo sempre muito bem. Esse caso foi meio diferente mas também foi uma experiência muito interessante e agradável, porque é a porta da vida e da felicidade. Realização também. Não pode haver obstáculos para sensações. É uma maneira, uma atitude, é uma palavra que me foge agora… De comportamento… Também não é comportamento, me foge a palavra. Mas de qualquer maneira, acho que todos nós temos o direito de viver o que nos é agradável, necessário e nos faz bem. Mas, principalmente, se faz bem para mais de um, é melhor ainda. Acho que foi uma experiência muito boa para mim também.", explica ele.
Mauricio está lançando o livro "Sou Um Rio", sobre a defesa do meio ambiente. A data foi escolhida por ser às vesperas da COP-26, a conferência sobre mudanças climáticas que começa a partir deste domingo, em Glasgow, na Escócia.
No livro, no entanto, ele não usou personagens da Turma da Mônica.
"A decisão foi estratégica. A Turma da Mônica, entrando com aquele clima todo, brincadeiras, humor, iria desviar a atenção do leitor, principalmente o leitor criança, o jovenzinho. Iria desviar do foco que é cuidar do meio ambiente. Isso é uma coisa que eu queria deixar bem na cara do leitor, com ilustrações também não escandalosamente lindas, bonitas, coloridas, mas adequadas (ao tema)", disse ele.
"Eu não podia botar a Turma da Mônica toda alegrinha, alegrinha, porque ela não pode deixar de ser alegrinha, num livro onde eu queria colocar uma proposta diferenciada", completa.